Evangelho por Emmanuel, O – Comentários às Cartas de Paulo

Introdução à Carta aos Filipenses



A Carta aos filipenses é uma das cartas de Paulo que mais se aproxima do gênero carta pessoal do primeiro século. Muitos temas particulares e a forma pela qual é redigida denotam um tom particularmente íntimo que permeia todo o texto.

Desde os registros mais antigos, Filipenses é considerada uma carta legítima de Paulo. Inácio de Antioquia a conhece e a cita, Clemente de Roma, Irineu, Tertuliano e Policarpo também utilizam esse texto. Tanto o cânone reduzido de Marcião como o de Muratori incluem Filipenses.


Estrutura e temas

Destinatários, saudações e agradecimentos. | Fp 1:1
Os problemas se converteram em benefícios. | Fp 1:12
Exortações a permanecerem firmes na fé e na humildade. | Fp 1:27
Hino a Jesus. | Fp 2:6
Não redamar mesmo diante do sacrifício extremo. | Fp 2:12
Timóteo visitará a comunidade. | Fp 2:19
Notícias de Epafrodito. | Fp 2:25
Alerta em relação aos dissimulados e adversários. | Fp 3:1
Relembrando a própria história. | Fp 3:4
Recomendação para que sigam o exemplo de Paulo. | Fp 3:17
Conselhos dirigidos a membros da comunidade. | Fp 4:1
Agradecimentos. | Fp 4:10
Saudações finais. | Fp 4:21


A comunidade

A cidade de Filipos foi fundada por Felipe da Macedônia, pai de Alexandre, o Grande, em 358/357 a.C. Em 168 a.C., foi incorporada ao Império Romano e, em 42 a.C., a cidade foi convertida em colônia militar. Esse fato e ainda a sua localização próxima da Via Egnatia conferiam à cidade um status importante. Apesar de ter uma comunidade judaica, não havia sinagoga em Filipos.

Paulo fundou a comunidade na sua segunda viagem, na casa de Lídia. O apoio dessa comunidade a Paulo foi, particularmente, grande, o que se depreende da ajuda enviada, cuja resposta deu origem à carta (Fp 4:10), tendo Timóteo como portador. Dois acontecimentos durante a fundação dessa comunidade merecem menção. O primeiro é a libertação de uma pitonisa e o segundo, a conversão do carcereiro, ambos relatados em Atos dos apóstolos, At 16:1.
Paulo teria visitado essa comunidade várias vezes e embora existam menções de problemas dentro da comunidade, eles são certamente menores do que os que foram tratados em outras cartas.


Data e origem

Paulo está preso quando escreve a carta (Fp 1:13) e o problema da datação está intimamente ligado ao local dessa prisão. Somente no século XVIII, o relativo consenso de que Filipenses teria sido escrita em Roma foi colocado em dúvida, sob o argumento principal de que a distância entre Roma e Filipos era muito grande para permitir a correspondência a que a própria carta se refere. Três hipóteses foram levantadas pelos estudiosos: Roma, Éfeso e Cesareia, todos locais onde Paulo estivera preso. Hoje em dia, contudo, somente Roma e Éfeso são defendidas, visto que a hipótese de Cesareia oferece mais dificuldades do que soluções.
Dada essa divergência de locais, as datas de origem podem variar entre os anos de 51 e 64, caso se opte por um ou outro local como sendo o da redação da carta.


Perspectiva espírita

Em um comentário feito em Filipenses, 4.22, intitulado , Emmanuel deixa claro que os “da casa do imperador” são realmente pessoas que frequentavam o palácio imperial. Dessa forma, de acordo com o autor espiritual, Paulo está em Roma quando escreve aos filipenses.

A Carta aos filipenses é marcada por uma exortação ao sentimento de alegria, mesmo entre as maiores dificuldades, uma vez que, a vinda de Jesus, o amor a Deus e a possibilidade da convivência constituem motivos de regozijo, ainda que a pessoa se veja envolvida em circunstâncias adversas. A Doutrina Espírita reforça esse sentimento, na medida em que, descortinando ao homem o seu futuro espiritual, apresenta os sofrimentos humanos como percalços temporários de uma jornada, que o conduz ao seu destino real. Por outro lado, ao reconhecer em Jesus o modelo de conduta, apresenta um caminho seguro que todos podem trilhar na busca da redenção.



Recomendamos ao leitor a leitura do desta coleção 2ª parte - versículos Atos, 16.1 a 40, para informações acerca da fundação dessa comunidade e dos acontecimentos ali transcorridos. (Nota do organizador)

Ver O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo 2, item 5 - . (Nota do organizador)