Evangelho por Emmanuel, O – Comentários às Cartas de Paulo

Introdução à Segunda Carta aos Tessalonicenses



Os aspectos que geraram mais controvérsia acerca desta carta são, justamente, os que derivam do ponto menos esperado: suas vinculações com a Primeira Carta aos Tessalonicenses.

Em 2 Tessalonicenses, o tema da vinda de Jesus é retomado, aparentemente, de uma perspectiva diferente. Enquanto na primeira carta à comunidade de Tessalônica Paulo parece indicar que a vinda de Jesus está muito próxima, aqui ela é apresentada como mais distante.

Muito embora os debates gerados tenham levado a um quase consenso dos estudiosos atuais em relação a esta não ser uma carta de Paulo, Marcião, Inácio e Ireneu conhecem e citam este escrito como sendo de Paulo.


Estrutura e temas

Saudação e destinatários. | 2ts 1:1
Reconhecimento e gratidão pelo trabalho da comunidade. | 2ts 1:3
Recompensas aos membros da comunidade pelas dificuldades sofridas. | 2ts 1:6
Oração pelos membros da comunidade. | 2ts 1:11
Sobre a vinda de Jesus. | 2ts 2:1
Exortação à perseverança. | 2ts 2:13
Pedido de oração. | 2ts 3:1
A confiança que Paulo tem nessa comunidade. | 2ts 3:4
Advertências contra a desordem. | 2ts 3:6
Exortação à prática do bem e atitude para com os desobedientes. | 2ts 3:13
Bênção final e despedida - selo de autenticidade da carta. | 2ts 3:12


Comunidade e destinatários

As informações sobre a comunidade foram apresentadas na .


Origem data e autoria

Muito embora existam testemunhos internos na carta, como a saudação de próprio punho (2ts 3:17), que apontam para Paulo como autor, a grande maioria dos eruditos questiona essa validade, argumentando que a dependência literária de 2 Tessalonicenses em relação a I Tessalonicenses é muito grande, o que levantaria a questão do motivo de Paulo ter retomado para a mesma comunidade e em período tão curto, um escrito, do ponto de vista literário, tão parecido. A explicação proposta, décadas mais tarde, é que alguém, ou um grupo de seguidores de Paulo, tomaria I Tessalonicenses como base para elaboração de um novo escrito, tratando, agora, de uma vinda de Jesus não tão próximo quanto a primeira carta poderia sugerir. Isso ajudaria a explicar a diferença de abordagem em relação a este ponto nas duas correspondências.

A questão da datação está intimamente relacionada com a autoria. Para os que defendem uma autoria não paulina, as datas englobam os anos de 70 a 100, com predominância do período de 80 em diante. Para os que aceitam a autoria paulina, é preciso considerar uma proximidade dos dois escritos, o que levaria a redação a ser do período 50 ou 51.

Em relação ao local de origem, os problemas são ampliados. Isso porque alguns manuscritos trazem a inscrição de Atenas como local de redação. Por isso, as propostas contemplam não só esta cidade, como também Roma, Éfeso, algum lugar da Macedônia ou da Ásia Menor.


Perspectiva espírita

O primeiro comentário feito por Emmanuel a esta epístola é bastante esclarecedor, não só do ponto de vista do reconhecimento da autoria e dos destinatários, mas também pelo seu caráter espiritual. Elucida, o benfeitor, que a afirmativa de Paulo de que a fé não é de todos, possui uma aplicação válida não só na antiguidade como na atualidade. Tanto ontem como hoje, há os que intentam apropriar-se dos princípios cristãos, unicamente pelas manifestações exteriores, esquecendo-se que a internalização da Boa-Nova exige esforço e discernimento, trabalho e testemunho. É natural, portanto, que para estes a presença do Cristo permaneça ainda no campo das expectativas distantes, uma vez que não preparam o campo íntimo para Sua chegada. Para eles, o tempo da vinda ainda não é agora. Ao contrário, para os que souberam buscar pelo esforço, pelo trabalho e pela abnegação e pela caridade a conquista da fé legítima, a presença do Mestre é constante em suas vidas. Para estes o tempo é agora.