“A caridade nunca falha…” — PAULO (1co
A caridade possui maneiras múltiplas de ajudar, em tudo aplicando o senso das dimensões.
No atendimento de cada necessidade ei-la que se expressa não somente com a luz da bondade, mas também com o metro da prudência:
distribuindo alimento às vítimas da penúria, abstém-se de azedar o pão com o vinagre da reprimenda, respeitando a condição dos que lhe batem à porta;
medicando o enfermo, não lhe exige atitudes em desacordo com os desajustes orgânicos em que o socorrido se veja, e sim escolhe os melhores gestos de tolerância e compreensão, de modo a servi-lo;
alfabetizando o ignorante, não lhe reclama demonstrações de cultura antes do aprendizado, mas revela paciência e brandura para guiar-lhe a inteligência nos mais simples degraus da escola.
Assim também, se invocamos a caridade a fim de orientar os que se transviam, não nos cabe esquecer as dificuldades em que se encontram. Para recuperar-lhes o equilíbrio não basta identificar-lhes as fraquezas e reprová-las. É imprescindível anotar-lhes a posição desfavorável e socorrê-los sem exigência.
Daí o impositivo de se reconhecer, em qualquer parte, quanto à distribuição da verdade, que, se existe um modo distinto para que a beneficência exerça a caridade de saber assistir nos domínios do corpo, nos reinos do espírito é preciso que ela aperfeiçoe igualmente a caridade de saber explicar.
(Reformador, julho 1966, página 146)