“Mas pela graça de Deus, sou o que sou”. — PAULO (1co
Notamos aprendizes do Evangelho que se declaram incapazes para a execução dos menores serviços na lavoura do bem.
Se convidados a orar, afirmam-se indignos.
Se convocados à proteção de um simples doente, em nome do Divino Médico, fogem à obrigação, proclamando-se fracos para a tarefa.
Se chamados à exposição da verdade, fazem-se mudos de acanhamento.
Se constrangidos à posição de responsabilidades, na direção das boas obras, alegam imperfeições e impedimentos.
Se trazidos ao esforço assistencial de qualquer natureza, retraem-se à pressa, pretextando inaptidão ou inexperiência.
Se indicados para a cooperação na sementeira do esclarecimento iluminativo, declaram-se em trevas.
Estudam, recebem nova luz, progridem mentalmente, mas não possuem espírito de iniciativa, coragem moral e ousadia na auto-superação. E, por isso, são devorados devagarinho pelas gigantescas mandíbulas do tempo, que lhes consomem o corpo e as oportunidades de crescimento espiritual, sem se abalançarem a novas aquisições para a vida eterna.
Paulo de Tarso, reconhecendo a sua condição de ex-perseguidor do Cristianismo nascente, assevera: — “Mas, pela graça de Deus, sou o que sou”.
A lição é admirável. Ninguém pode alegar incompetência ou inferioridade, ante as exigências do bem, se já reconhece a grandeza desse mesmo bem.
Quem algo possui, alguma coisa pode gastar.
Quem alguma coisa conhece, algo pode fazer.
Em verdade, no caminho que vamos percorrendo, derramamos ainda detritos e sombras do nosso próprio “eu”, entretanto, à maneira do grande defensor da gentilidade, podemos também pronunciar as encorajadoras palavras: — “Mas, pela graça de Deus, somos o que já somos”.