“Para a liberdade Cristo nos libertou; permanecei, pois, firmes e não vos dobreis novamente a um jugo de escravidão.” — PAULO (Gl
Disse o apóstolo Paulo, com indiscutível acerto, que “para a liberdade Cristo nos libertou”.
E não são poucos aqueles que na opinião terrestre definem o Senhor como sendo um revolucionário comum.
Não raro, pintam-no à feição de petroleiro vulgar, ferindo instituições e derrubando princípios.
Entretanto, ninguém no mundo foi mais fiel cultor do respeito e da ordem.
Através de todas as circunstâncias, vemo-lo interessado, acima de tudo, na lealdade a Deus e no serviço aos homens.
Não exige berço dourado para ingressar no mundo.
Aceita de bom grado a infância humilde e laboriosa.
Abraça os companheiros de ministério, quais se mostram, sem deles reclamar certidão de heroísmo e de santidade.
Nunca se volta contra a autoridade estabelecida.
Trabalha na extinção da crueldade e da hipocrisia, do simonismo e da delinquência, mas em momento algum persegue ou golpeia os homens que lhes sofrem o aviltante domínio.
Vai ao encontro dos enfermos e dos aflitos para ofertar-lhes o coração.
Serve indistintamente.
Sofre a incompreensão alheia, procurando compreender para ajudar com mais segurança.
Não espera recompensa, nem mesmo aquela que surge em forma de simpatia e entendimento nos círculos afetivos.
Padece a ingratidão de beneficiados e seguidores, sem qualquer ideia de revide.
Recebe a condenação indébita e submete-se aos tormentos da cruz, sem recorrer à justiça. E ninguém se fez mais livre que Ele — livre para continuar servindo e amando, através dos séculos renascentes.
Ensinou-nos, assim, não a liberdade que explode de nossas paixões indomesticadas, mas a que verte, sublime, do cativeiro consciente às nossas obrigações, diante do Pai Excelso.
Nas sombras do “eu”, a liberdade do “faço o que quero” frequentemente cria a desordem e favorece a loucura.
Na luz do Cristo, a liberdade do “devo servir” gera o progresso e a sublimação.
Assimilemos do Mestre o senso da disciplina.
Se quisermos ser livres, aprendamos a obedecer.
Apenas através do dever retamente cumprido, permaneceremos firmes, sem nos dobrarmos diante da escravidão a que, muitas vezes, somos constrangidos pela inconsequência de nossos próprios desejos.
(Reformador, janeiro 1958, página 3)