Evangelho por Emmanuel, O – Comentários às Cartas de Paulo

Capítulo CCXCVIII

Se aspiras a servir



“Aprendi a contentar-me com o que tenho.” — PAULO (Fp 4:11)


Afirmas-te no veemente propósito de servir; entretanto, para isso, apresentas cláusulas diversas.

Dispões de recursos próprios, conquanto humildes, para as tarefas do socorro material; contudo, esperas pelo dinheiro dos outros.

Tens contigo vastas possibilidades para alfabetizar os necessitados de instrução, mas esperas um título oficial que talvez nunca chegue.

Mostras pés e braços livres que te garantem o auxílio aos irmãos em prova; entretanto, esperas acompanhantes que provavelmente jamais se decidam ao concurso fraterno.

Relacionas talentos múltiplos, a fim de cumprires abençoada missão de amor puro entre os homens; todavia, esperas em família pelo companheiro ideal.

Se acordaste para a cooperação com Jesus, recorda a afirmativa de Paulo: “Aprendi a contentar-me com o que tenho.”

Quando o apóstolo escreveu essa confissão, estava preso em Roma.

Em torno dele, o ambiente doloroso do cárcere. Guardiães desalmados, companheiros infelizes, pragas e palavrões. Nem sempre pão à mesa, nem sempre água pura, nem sempre consolação, nem sempre voz amiga…

No entanto, ao invés de desanimar, o pioneiro do Evangelho cede vida e força, serenidade e bom ânimo de si próprio.

Se aspiras a servir aos outros, servindo a ti mesmo, no reino do Espírito, não percas tempo na expectativa inútil, pois todo aquele que sente, e age com o Cristo, vive satisfeito e procura melhorar-se, melhorando a vida com aquilo que tem.




(Reformador, dezembro 1960, página 266)