Evangelho por Emmanuel, O – Comentários às Cartas de Paulo

Capítulo CCCVI

Em honra da liberdade



“Tende cuidado para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, conforme os rudimentos do mundo, e não segundo o Cristo.” — PAULO (Cl 2:8)


Se alcançaste um raio de luz do Evangelho, avança na direção do Cristo, o Divino Libertador.

Não julgues seja fácil semelhante viagem do espírito.

Encontrarás, em caminho, variados apelos à indisciplina e à estagnação.

Serás surpreendido a cada passo pelos sofistas da Religião, pelos falsários da Filosofia, pelos paranoicos da Ciência e pelos dilapidadores da História, empavesados nas engenhosas criações mentais em que encarceram a própria vida, buscando atrelar-te o pensamento ao carro da argumentação filauciosa a que se acolchetam, famintos de louvor e da vassalagem.

Mutilando a revelação divina, desfigurando preceitos da verdade, abusando da inteligência ou fantasiando episódios furtados ao registro fiel do tempo, armam ciladas ou levantam castelos teóricos, em que a sugestão menos digna te inclina a existência à rebelião e ao pessimismo, à viciação e à inutilidade.

Atendendo, quase sempre, a interesses escusos, lisonjeiam-te a insipiência, incensando-te o nome, quando não se desmandam na vaidade, aliciando-te a decisão para que lhes engrosses o séquito de loucura.

Acompanhando-os, porém, não te farás senão presa deles, fâmulo desditoso das ideias desequilibradas que emitem, no temerário propósito de se anteporem ao próprio Deus.

Querem escravos para os sistemas falaciosos que mentalizam, quando Jesus deseja te faças livre para a conquista da própria felicidade.

Acautela-te no trato com todos os que tudo te pedem, no campo da independência espiritual, limitando-te a capacidade de sentir e pensar, empreender e construir, porquanto, em nos fazendo tributários da falsa glória em que se encasulam, relegam-nos a existência a planos de subnível, quando o Cristo de Deus, tudo nos dando em amor e sabedoria, nos ampliou a emoção e o conhecimento, a iniciativa e o trabalho, convertendo-nos em filhos emancipados da Criação, para que tenhamos não apenas a vida, mas Vida Santificada e Abundante.




(Reformador, agosto 1959, página 170)