Evangelho por Emmanuel, O – Comentários às Cartas de Paulo

Capítulo LIII

Enquanto podes



“Tu, porém, por que julgas teu irmão? e tu, por que desprezas o teu? pois todos compareceremos perante o Tribunal de Cristo.” — PAULO (Rm 14:10)


Constrangido a examinar a conduta do companheiro, nessa ou naquela circunstância difícil, não lhe condenes os embaraços morais.

Lembra-te dos dias de cinza e pranto em que o Senhor te susteve a queda a poucos milímetros da derrota.

Não te acredites a cavaleiro dos novos problemas que surgirão no caminho…

Todo serviço incompleto, que deixaste na retaguarda, buscar-te-á, de novo, o convívio para que lhe ofereças acabamento. E o remate legal de todas as nossas lutas pede o fecho do amor puro como selo da Paz Divina.

As pedras que arremessaste ao telhado alheio voltarão com o tempo sobre o teto em que te asilas, e os venenos que destilaste sobre a esperança dos outros tornarão, no hausto da vida, ao clima de tua própria esperança, testando-te a resistência.

Aprende, pois, desde hoje, a ensaiar tolerância e entendimento, para que o remédio por ti mesmo encomendado às mãos do “agora” não te amargue a existência, destruindo-te o coração.

Toda semente produz no solo do tempo e as almas imaculadas não povoam ainda a Terra. Distribui, portanto a paciência e a bondade com todos aqueles que se enganaram sob a neblina do erro, para que te não faltem a paciência e a bondade do irmão a que te arrimarás no dia em que a sombra te ameace o campo das horas.

Auxilia, enquanto podes.

Ampara, quanto possas.

Socorre, quanto possível.

Alivia, quanto puderes.

Procura o bem, seja onde for.

E, sobretudo, desculpa sempre, porque ninguém fugirá do exato julgamento na Eterna Lei.




(Reformador, setembro 1958, página 194)