Evangelho por Emmanuel, O – Comentários às Cartas Universais e ao Apocalipse

Capítulo XLIX

Corações cevados



“Cevastes os vossos corações, como num dia de matança.” — (Tg 5:5)


Pela prosperidade e aperfeiçoamento do mundo, trabalha o Sol, que é a suprema expressão da Divindade Vital no firmamento terrestre.

Colabora o verme na intimidade do solo, preparando ninho adequado às sementes.

Contribui a aragem, permutando o pólen das flores.

Esforça-se a água, incessantemente, entretendo a vida física e purificando-a.

Serve a árvore, florindo, frutificando e regenerando a atmosfera.

Coopera o animal, ajudando as realizações humanas, suando e morrendo para que haja vida normal no domínio da inteligência superior.

Indefectível lei de trabalho rege o Universo.

O movimento e a ordem, na constância dos benefícios, constituem-lhe as características essenciais. Há, porém, milhões de pessoas que se sentem exoneradas da glória de servir.

Para semelhantes criaturas, em cujo cérebro a razão dorme embotada e vazia, trabalho significa degredo e humilhação, inferno e sofrimento. Perseguem as facilidades delituosas, com o mesmo instinto de novidade da mosca em busca de detritos. Conseguida a solução de ordem inferior que buscavam, circunscrevem as horas e as possibilidades ao desenfreado apego de si mesmas, imitando o poço de águas estagnadas que se envenena facilmente.

No fundo, são “corações cevados”, de acordo com a feliz expressão do apóstolo. Criam teias densas de ódio e egoísmo, indiferença e vaidade, orgulho e indolência sobre si próprios, e gravitam para baixo. Descendo, descendo, pelas pesadas vibrações a que se acolhem, rolam vagarosamente para o seio das vidas inferiores, onde é natural que encontrem a exigência de muitos, que se aproveitam deles, à maneira do homem comum que se vale dos animais gordos para a matança.