Evangelho por Emmanuel, O – Comentários às Cartas Universais e ao Apocalipse

Capítulo LVII

Auxílio mais alto




Através dos episódios do cotidiano, achamo-nos frequentemente diante de pessoa a quem desejamos ardentemente auxiliar, desconhecendo, porém, como agir.

Por vezes, semelhante criatura não precisa tanto de apoio material para a obtenção disso ou daquilo. Reconhecer-se-á, no entanto, sob a carga de tribulações e obstáculos de ordem tão íntima que a nossa ingerência no assunto resultaria contraproducente ou inoportuna.

Em várias situações, a pessoa a quem nos propomos prestar assistência individual se vê debaixo de grandes conflitos do sentimento que não nos será lícito abordar sem feri-la;

permanece em crise nas relações afetivas com criaturas outras cujas intenções não conseguiremos avaliar;

caminha carregando lutas familiares de natureza complexa, sem que lhe possamos ofertar mínimo concurso pelo respeito que lhe devemos;

experimenta o abandono de seres amados aos quais se afeiçoa, sem forças para romper os nexos de passadas reencarnações;

sofre acusações e críticas, recusando delicadamente a participação alheia nas inquietações que atravessa;

suporta amargos desenganos, aspirando a esconder as próprias lágrimas;

aguenta provas constrangedoras que não quer comentar;

ou haverá perdido algum ente inolvidável que a morte arrebatou e cuja importância só essa mesma pessoa terá recursos para considerar no imo da própria vida.


Saberemos tudo isso, mas é preciso observar o apreço que os companheiros de trabalho ou de ideal nos merecem, abstendo-nos de opinar sem mais profundo conhecimento de causa nos problemas que lhes digam respeito e para os quais não nos pedem a intervenção.

Por isso mesmo, o auxílio mais alto que se pode estender à criatura em dificuldade será sempre acatá-la como seja e como esteja;

compreender que ela se encontra sob a proteção de Deus tanto quanto nós;

que Deus saberá guiá-la com sabedoria e bondade;

e que, de nossa parte, em qualquer fase da existência, podemos e devemos prestar-lhe o apoio do silêncio com o donativo da oração.