Dois Maiores Amores, Os

Capítulo XX

Natal do coração



Abençoadas sejam as mãos que, em memória de Jesus, espalham no Natal, a prata e o ouro, diminuindo a miséria e a necessidade, a fome e a nudez!…

Entretanto, se não forem iluminados pelo amor que ajuda sempre, esses flagelos voltarão amanhã, como a erva daninha que espreita a ausência do lavrador.

Não retenhas, assim, a riqueza do coração que podes dar, tanto quanto o maior potentado a Terra!

Deixa que a manjedoura de tua alma se abra, feliz, ao Soberano Celeste, para que a luz te banhe a vida.

Com Ele, estenderás o coração onde estiveres, seja para trocar um pensamento compassivo com a palavra escura e áspera ou para adubar uma semente de esperança, onde a aflição mantém o deserto!

Com Ele, inflamarás de júbilo os olhos de algum menino triste e desamparado e uma simples criança, arrebatada hoje ao vendaval, pode amanhã ser o consolo da multidão…

Com Ele, podes oferecer a bênção da tolerância aos que trabalham contigo, transformando o altar de teu pão em altar de Deus!…

Que tesouro terrestre pagará o gesto de compreensão no caminho empedrado, o sorriso luminoso da bondade no espinheiro da sombra e a oração do carinho e do entendimento no instante da morte?

Natal no mundo é a epopeia do reconhecimento ao Senhor. Natal no espírito é a comunhão com Ele próprio.

Ainda que te encontres em plena solidão da pobreza e do infortúnio, sai de ti mesmo e reparte com alguém o dom inefável de tua fé.

Lembra-te de que Ele, em brilhando na manjedoura, tinha consigo apenas o amor a desfazer-se em humildade, e, em agonizando na cruz, possuía apenas o coração, a desfazer-se em renuncia…

Mas, usando tão somente o coração e o amor, sem uma pedra onde repousar a cabeça, converteu-se em Salvador do Mundo, e, embora coroado de espinhos, fez-se o Rei das Nações para sempre.




Essa é a 71ª lição do livro “Antologia Mediúnica do Natal”, editado pela FEB em 1966.