I Torna Caim ao lodo subterrâneo. Ante a espada homicida se prosterna, Apagando a flamívoma lanterna Do raciocínio que lhe flui do crânio. Nele o impulso do bem morre frustrâneo Sob a força que, ríspida, o governa Desde o negro machado da caverna À tragédia dos átomos de urânio.
Rei protervo da carne, a sombra estende-o Num caminho de sangue e vilipêndio, — Triste lobo a exibir trismos medonhos!
Anjo e besta, no ergástulo da treva, Chora e ruge no orgulho que o subleva E cai vencido sob os próprios sonhos.
II Senhor, este é o herói do desconforto, De fronte enorme e pensamentos parcos Que ainda escarnece dos divinos marcos, Que acendeste no mundo amargo e morto…
Sofre a angústia do náufrago sem porto E embora eleve chamejantes arcos Traz consigo o veneno que há nos charcos E os resíduos genésicos do aborto.
Multiplica-lhe os títulos avulsos De sofrimento que lhe algeme os pulsos, Vigiando-lhe o espírito inconverso!
Sem tua cruz de lágrimas divinas, Transformaria a Terra que iluminas Em trevoso presídio do Universo! |