Ante o negrume do jazigo aberto, Interroguei, chorando, ansioso, um dia: — Onde guardas o monstro que me espia, Gemendo à espreita do meu passo incerto? Maldito sejas, leito recoberto De miséria de angústia e de agonia! Onde acabas, garganta escura e fria, Sob o pavor da morte que vem perto?
Mas, divina e triunfal, no mesmo instante Uma voz respondeu do abismo hiante: — Foge ao tremendo engano que te invade!
No paço estreito destas sombras mortas, Escondo o brilho das divinas portas Que abrem a glória da imortalidade! |
Reformador — Dezembro de 1948.