Disse o homem à cruz que o constrangia: — Detestável prisão ingrata e feia, Atormentas minh’alma que te odeia, Escarneces meus sonhos de alegria! Que fogo pavoroso te incendeia? Que te fez para o inferno da agonia? Por que me prendes, pedra horrenda e fria, Ao teu corpo que lágrimas ateia?
A cruz, porém, clamou serena e certa: — Sou a chave de dor que te liberta Do abismo que estendeste a toda parte!
Não me percas na sombra de teus dias. Sem meus braços, jamais alcançarias O Senhor que me fez para salvar-te! |
Reformador — Dezembro de 1948.
Consta do original a informação de que esse soneto foi psicografado em 15 de dezembro de 1948, em Belo Horizonte.