Antônio Homero de Souza, Professor e cientista, Dizia com seriedade Ao amigo João Batista; — “João, dê amparo às crianças… Nossa vida ruralista Chega a ser calamidade. Observe e fique certo, Os nossos males extremos, A meu ver, mais da metade, Vem daquilo que bebemos. Conheço muitas famílias, Formadas por gente nossa, Que se servem de água impura, De poço perto de fossa… Há pessoas que consomem Venenos de água parada, Meninos soltos nas ruas Sorvendo grossa enxurrada! Noto pessoas distintas, Que tomam banho em lagoa, Na cultura de micróbios, Pensando que é cousa à-toa… E os alcoólicos? Nem sei O que se vê por aí. É licor de jenipapo, De araticum e pequi… São muitos os imprudentes, Passo vão, cabeça oca, Que morrem, antes do tempo, Qual o peixe pela boca… Precisamos de campanhas, Fazê-las inda não pude, Alguém deve proteger A defesa da saúde: João, que estava impressionado Por tudo quanto escutara, Dirigiu-se ao professor, Perguntando, cara a cara: — “E o senhor, Doutor Antônio, Preservando a própria vida, O que usa com frequência Em matéria de bebida?” O professor respondeu, Sem qualquer tom de chalaça: — “A fim de que eu viva bem, Só bebo a nossa cachaça…” À pressa, porém, pensou Na grande malícia humana, E falou para Batista: — “Mas a cachaça que eu bebo, Tem sementes de umburana.” |