No amor aberto em feridas Em cuja dor te renovas, Sana-se o mal de outras vidas, Em meio de grandes provas. A pessoa quando morre É que conhece, a rigor Toda a mentira que escorre Dos juramentos de amor. Disse o vivo ao morto amigo: — “A ti, meu pesar sincero…” Disse o morto no jazigo: — “Muito grato, aqui te espero.” Desgostos de alma ofendida? Não te magoes com ninguém. No campo imenso da vida Cada qual dá do que tem. Afeto exige no mundo Mais luz quanto mais se enleva; Nem Deus tirou a serpente Da vida de Adão e Eva. Em qualquer falha de amor, Só Deus conhece o culpado; Às vezes, é o tentador, De outras vezes, é o tentado. O próprio mundo realça Esta verdade sabida: Amor livre é a nota falsa No pau de sebo da vida. Nas trilhas vastas do mundo, Quem não luta ou quem não erra, Inda não pensa, em verdade, Nem sabe que está na Terra. Na afeição de onda quadrada Com muita bronca e paquera, Se a milonga é demorada, O casamento já era Casamento é paraíso, Mas é céu que dá trabalho, Quando a mulher ou o marido Descansam em quebra-galho. Nas culpas do casamento, Sejam dele ou sejam dela, Reencarnação cobra caro No Banco da Parentela. Infeliz do peito em chama De homem ou de mulher, Quando a razão diz que ama E o coração já não quer. Marido que pula cerca, Furtando alface ou repolho… Esse homem que se cuide, Que a mulher está de olho. Se vale a pena casar? Assunto que não domino. De navio posto ao mar Deus é que sabe o destino. Casamento é sofrimento — Comenta a boca do povo — Mas quando voltar à Terra, Eu quero casar de novo. |