Ante a morte, o mal e o bem… — Eis a questão como a vi: Cada qual colhe no Além Aquilo que fez de si. Aflições, lutas, querelas, Tanto minhas, quanto alheias, Agora, livrei-me delas, Perante a morte, expulsei-as. Onde a pessoa transite Guarde este aviso de lado: — Cada qual tem um limite De tempo determinado. A morte a todos alcança, Não vás contra a natureza. Se não houvesse mudança Não terias pão à mesa. Sobre a Terra, cada vida Por muito que se conforte, Em toda parte é seguida Pela presença da morte. Quem disser que a vida é nada, Olhe o chão em que me movo: Da semente sepultada A planta nasce de novo. Li nas trilhas em que avanço Este aviso singular: — O morto roga descanso A fim de se renovar. Para quem viveu no mundo, Fazendo o bem que podia, A morte é um sono guardado Na bênção da anestesia. Na Terra, a lei sem disfarce Ensinou-me ao próprio ser: No corpo a desagregar-se É que se aprende a viver. A morte não provocada É paz, socorro, promessa; Início de nova estrada Onde a vida recomeça. |