Paz e Renovação

Capítulo XVI

O espírita na multidão



O espírita-cristão, porque busca realmente compreender Jesus e raciocinar no Evangelho, é alguém sob regime de fiscalização permanente. Daí procedem as múltiplas contradições nas críticas que recebe. Habitualmente,

Se é generoso, a multidão em torno dirá dele: “é perdulário”.

Se economiza: “é avarento”.

Se mantém a disciplina: “é ditador”.

Se não observa condições e horário: “é irresponsável”.

Se diligencia renovar as normas conhecidas: “é revolucionário”.

Se conserva os padrões de hábito: “é inerte”.

Se usa franqueza: “é descaridoso”.

Se contemporiza: “é hipócrita”.

Se brinca: “é irreverente”.

Se chora: “é obsesso”.

Se comunicativo: “é estouvado”.

Se discreto: “é orgulhoso”.

Se estuda intensivamente: “é afetado”.

Se estuda menos: “é ignorante”.

Se colabora com afinco na assistência social: “é santarrão”.

Se coopera menos na beneficência de ordem material: “é preguiçoso”.

Se revela ardente fervor nas convicções: “é fanático”.

Se analisa, como é necessário, as instruções em andamento: “é um céptico”.

Se trabalha com grande número de pessoas: “é demagogo”.

Se trabalha em ambiente restrito: “é insociável”.

Efetivamente, a multidão é nossa família e nada justificaria qualquer propósito de nos distanciarmos dela, a pretexto de superioridade individual. Somos claramente chamados a servi-la. Com ela e por ela, é que também nos despojaremos das imperfeições que nos marcam a vida. Ainda assim, conquanto amando-a e abençoando-a, não nos seria lícito esquecer que ela própria, um dia preferiu Barrabás a Jesus, em lamentável engano. Atentos a isso, onde estiveres e como estiveres, coloca-te acima das opiniões humanas, e serve a Jesus servindo à multidão, ofertando à seara do bem o que fores e o que tiveres de melhor.