De múltiplos modos, enxergamos a intervenção dos outros na salvação alheia, quando o perigo ameaça.
Bombeiros, aqui e além, arrebatam criaturas ao império do incêndio, repondo-as em segurança.
Médicos se devotam a enfermos, preservando-lhes a vida.
Em todos os recantos da Terra, guardiões dedicados das vias públicas arrancam à morte legiões de pessoas, todos os dias.
Um amigo acompanha outro amigo em dificuldade, caminha com ele, durante algum tempo, aparando-lhe os compromissos e livra-lhe o passo de precipitação em falência.
E, entre o Plano Espiritual e o Plano Físico, nós, os desencarnados observamos, de maneira incessante, os testemunhos de solidariedade e carinho de amigos inúmeros, domiciliados no Mais Além, que se empenham no auxílio aos companheiros que deixaram no mundo. E isso ocorre, nos menores setores da vivência terrestre.
Aqui, é preciso suplementar a cautela de alguém, alertando-lhe a memória para fechar o gás ou desligar a força elétrica, prevenindo acidentes; ali, é necessário escoltar uma criança, pelos fios intangíveis do pensamento, frustrando-lhe quedas fatais; além, é forçoso socorrer um motorista descuidado, induzindo-o a verificar essa ou aquela peça do carro de que se vai servir coibindo desastre possível; mais adiante, é indispensável sugerir a determinados companheiros, em divertimento, a cessação de pequenos abusos, suscetíveis de impulsioná-los a processos de obsessão.
De múltiplos modos, — repetimos, — anotamos o amor e a fraternidade operando na salvação alheia, entretanto, para que não venhamos a tombar nas trevas da ira ou do ódio, do orgulho ou da crueldade, só conhecemos um tipo de profilaxia espiritual: cada criatura deve orar, asserenar-se, abençoar os semelhantes, compreender que todos somos necessitados da Misericórdia Divina e resguardar a si mesma.