Quem mais valente se faz E possui tudo o que quis Se necessita de paz Não chegou a ser feliz. A mais feliz, em verdade, De toda pessoa é aquela Que entrega a felicidade Sem nunca esperar por ela. Nota a lógica segura Deste aviso benfazejo: — “Tanto maior a ventura Quanto menor o desejo.” Ventura está na pessoa Sem rótulo e sem verniz Que, tendo as mãos ocupadas, Não pergunta se é feliz. Felicidade na vida Para brilhar, a contento, É como a rosa, nascida No espinho do sofrimento. Um homem feliz nas trevas Afirmou ter a certeza De que a penúria dos outros É uma lei da natureza. Ventura? Para exprimi-la, Tenho este aviso ligeiro: É a consciência tranquila Na bênção do travesseiro. Eu vi a felicidade, Chorava em plena alegria Seguindo sob as pedradas Daquele que a recebia. Sofri… Agora, porém, Sei que a ventura descansa Nos sacrifícios do bem Que nunca perde a esperança. Eis o letreiro que puxo Como quem guarda um capricho: — “Felicidade do luxo — Prosperidade do lixo.” Felicidade, no fundo, É luz celeste ao dispor, De quem leva a paz ao mundo Em sementeiras de amor. |