Poetas Redivivos

Capítulo CII

Fim de prova



(Versos dedicados a conhecida rainha europeia, que tive a felicidade de servir, há menos de quatro séculos, e que reencontrei reencarnada, no clima redentor de um leprosário, em honroso término de provações purificadoras.)


Lembro-te, velha amiga, o cetro de rainha!…

Crias dominações por láureas prediletas…

Mandas!… No entanto, oh! Deus, daquilo que decretas

A penúria se expande e a lágrima caminha!…


Deixei-te, há longo tempo, entre as arcas repletas…

Hoje, quis reencontrar-te, oh! soberana, minha,

E achei-te reencarnada, anônima e sozinha,

Num catre de aflição, gemes, sonhas, vegetas…


Dos colares e anéis que te enfeitavam tanto,

Tens chagas por rubis e pérolas de pranto!…

E sofro ao ver-te a lepra em purpúreas verminas…


Mas louva, oh! soberana, a angústia transitória!…

Pela dor subirás ao reino de outra glória,

No teu coche real de açucenas divinas!…