Poetas Redivivos

Capítulo XXIV

Alma Irmã



Dizem-te agora trêmula velhinha,

Pálida flor no instante derradeiro;

Buscaste, em vão, na Terra, um companheiro,

Mas nem por isso foste menos minha.


Sofreste sempre, sem chorar, sozinha,

Envolvi-te em meu sonho alvissareiro…

Quero-te as afeições do cativeiro

Que atravessas com garbos de rainha.


Beijo-te as mãos de cera, as cãs e as rugas,

Guardo comigo as lágrimas que enxugas,

Dou-te a esperança que me revigora…


Bendize o pranto e a sombra, alma querida,

Porque amanhã, mais jovens para a vida,

Subiremos mais juntos, céus afora!…