Lembro-me agora, sim… O crepúsculo entorna Tons velutíneos de ouro entre nuvens de opala. Entontece-te o vinho, a música te embala E ofereces na dança a taça doce e morna. Quantos caem no sonho em trágica madorna! Arrastas sob os pés os corações sem fala… Imperas, soberana; e obedeces, vassala; Ninfa, volves da estrela e a lama te suborna. Flor de gaze e cetim, na ribalta de Roma, Hoje, trazes no peito horrendo carcinoma, Em cujo lodo triste o pretérito arrasas. No entanto, pela dor, hás-de reerguer-te, um dia, E bailarás, no Céu, por vestal da alegria, Exaltando o amor puro, ao sol das próprias asas!… |