Poetas Redivivos

Capítulo LXIX

Culpa e resgate



— “Morte ao mouro na roda! Eu, Marquês, determino!…”

Bradava Dom Vidal, de flórea platibanda.

E, de cabeça em fogo, a vítima demanda:

— “Valei-me, ó Tribunais do Socorro Divino!”


Outros mouros se vão, a regalos de sino…

Um dia, Dom Vidal, enquanto se desmanda,

Vê a morte chegar… Cede-lhe à força branda,

Mas, liberto da carne, é um louco sem destino.


Correm tempos de dor… O fidalgo violento

Renasce em provação!… Penúria, sofrimento…

Paranoico e obsesso, exibe pompa espúria.


Alucinado agora, em tugúrio singelo,

Proclama: “Eu sou Marquês!… Quem roubou meu castelo?”

Depois tomba na laje em acessos de fúria…