Poetas Redivivos

Capítulo LXXX

O homem e a morte



Ao Homem disse, um dia, a Vaidade excitante:

— “És o rei da criação! A Terra toda é tua!…”

O Orgulho comparece e, presto, continua:

— “Ave, senhor da vida, altíssimo gigante!…”


Na sombra espessa, em torno, a Descrença acentua:

— “Nada existe, afinal, sem teu cetro brilhante…”

E a Fortuna declara: “Ordena, comandante!

Do meu áureo poder ninguém te destitua…”


E o Homem dá-se todo à carreira ilusória,

Bradando para os Céus em delírios de glória:

— “Deus, se existes, oh! Deus, jamais me sobrelevas!…”


Mas a Morte aparece e, num simples segundo,

Vê-se triste e sozinho o monarca do mundo

Intimado a pensar no silêncio das trevas…