Se o desânimo procura Mergulhar-te na amargura, Não olvides, meu irmão, Que a vida por toda parte É nova luz a buscar-te Em doce renovação. Na mágoa que te domina, Repara a Bênção Divina A brilhar, aqui e além… Tudo é esperança e beleza No trono da Natureza Na glória do Eterno Bem… Da noite estranha e sombria, Assoma, envolvente, o dia E a treva faz-se esplendor. Do Inverno que dilacera, Vem o Sol da Primavera E o espinho revela a flor. Da serra empedrada e feia, Desce o regato que ondeia Em generosa canção. Do charco de baixo nível, Desditoso e desprezível, Ressurge o calor do pão. Coragem! — recorda o ninho, Suportando, de mansinho, Toda a fúria do escarcéu; E do além, tranquila ao vê-la, Coragem! — repete a estrela, Sorrindo no azul do Céu. Assim também, cada hora, Trabalha, porfia e chora Guardando a fé clara e sã!… Padece mas busca a frente, Lembrando constantemente Que o dia volta amanhã. |
(Anuário Espírita 1967)