Poetas Redivivos

Capítulo LXVI

Antevisão



Quando a nuvem acionou seus canhões invisíveis, ribombando no espaço, — ouvi a mensagem da abundância.

Quando o raio cortou o tecido espesso das trevas com a lâmina da morte em esplendor, — respirei o ar puro do céu lavado.

Quando o vento sacudiu o arvoredo com seu rebenque aéreo, — enxerguei as flores que permaneceriam fiéis aos frutos.

Quando o aguaceiro jorrou dos céus, com as suas cataratas imensas, inundando os caminhos, — vi a mesa farta, rodeada de crianças felizes.

Quando o sofrimento aparece, diante de nós, crivando-nos o ser com farpas intangíveis, — vejo nossas almas nos píncaros do Planeta, sob o fulgor sem sombra do zênite, cada qual carregando em si mesma o seu próprio Universo, prontas a desferir o voo livre e belo para o sem-fim da Perfeição.