João perdera muita terra Para um antigo agiota; Ninguém continha a expansão Do Coronel Mendes Mota. João provara ser o dono Das terras surripiadas, Cem alqueires de pastagens Com excelentes aguadas. Mendes Mota comprou ágil, Muitas dívidas de João. Fez cobrança, a prazo curto, Depois fez a execução. Notando-se espoliado, O moço reclama e berra, Mas não teve outro recurso Senão entregar a terra. Revoltado e entristecido, Falava contra a mentira E jurou matar um dia O homem que o perseguira. O pai dizia-lhe: “Filho, Perdoe!… Nós somos cristãos, O terreno quando é nosso Volta sempre às nossas mãos. “Não tente matar ninguém… Escute os conselhos meus, Sabemos que a morte é certa Mas deve chegar de Deus.” João ouvia com desprezo A palavra paternal, No entanto, ficava o mesmo De pensamento no mal. Surgiram complicações. Junto da esposa Mariana, Mendes Mota recolheu-se À doce vida praiana. No tato que possuía, Comprou formosa mansão, Vivia de juros altos, Com muito dinheiro à mão. Depois de dezoito meses, É que João foi procurá-lo; Após seis dias de busca, Conseguiu vê-lo, de estalo. Mendes jantava entre amigos, No maior prazer do mundo, Bebia vinho, à vontade, Comendo no prato fundo. Em seguida às saudações, João lhe pediu o endereço; Mendes com alto requinte, Convidou-o a visitá-lo Na própria manhã seguinte. No outro dia, muito cedo, João, com raiva e desconforto, Atingiu-lhe a casa cheia… Ali, velava-se um morto. Muito pálido, guardava A arma pronta e engatilhada; Soube, então, que Mendes Mota Morrera de madrugada. |