O Centro da Caridade Prosseguia eficiente. Muito serviço prestado, Atraindo muita gente. A médium da direção Era Emília Sabugosa; Trabalhava com prazer, Missionária generosa. Fosse qual fosse o problema De doutrina ou de família, Na hora do justo acerto, Chamava-se Dona Emília. Certa noite, veio a médium, Discretamente a chorar… Todo o grupo fez silêncio, Respeitando-lhe o pesar. Em afastado recanto, Amiga atenta lhe fala, Era Dona Conceição, Procurando confortá-la. — “Emília, que tem você?” Pergunta-lhe Conceição; Em pranto, responde a médium: — “Não sei viver sem Janjão!…” Conceição nada mais disse. Chocada, tomou assento; O esposo de Dona Emília Chamava-se Antônio Bento. Quem era aquele Janjão? Algum amante escondido? Aquele choro da médium Não encontrava sentido… Começou a fofocagem… Conceição falou com Joana, Joana falou com Jandira, Jandira com Tatiana. Tatiana, impressionada, Transmitiu tudo ao marido E o marido, em confidência, Falou da ocorrência a muitos, Mostrando-se confundido… O assunto estendeu-se longe, O clima fez-se de brasa, Quase todos os amigos Abandonaram a casa. Com ofício ou sem ofício, Exigiram demissão, Retirou-se, compungida, Até Dona Conceição. No Centro da Caridade, Sempre cheio e luzidio, Pregava-se, agora, às moscas, No salão triste e vazio… Inteirando-se do caso, O senhor Antônio Bento, Convidou muitos amigos, A fim de falar a todos Do estranho acontecimento. Noite marcada, vieram Adolescentes e adultos, Muitas jovens enfeitadas, Senhoras e amigos cultos. No momento do discurso Para a justa explicação, A médium desapontada Ergueu-se e mostrou Janjão; Era um cachorro doente, Seu fila de estimação. |