Praça da Amizade

Capítulo I

Notas de sempre



Sofre o que te desagrade,

Tolera mágoas e crises;

O tédio na Humanidade

É a provação dos felizes.



Quem não sabe suportar, não consegue construir.


Quando a tristeza vier

Tentando afogar-te o ser,

Busca um serviço qualquer

E deixa o tempo correr.



Tristeza, na essência, é um desafio da vida à nossa vontade de trabalhar.


Chora, mas guarda a esperança

No coração calmo e atento,

O mundo melhora e avança

À custa do sofrimento.



Quando a ideia de rebeldia te visitar a cabeça, procura dentre as utilidades que te servem, algum dos remanescentes de minérios, plantas e animais que não haja passado pelo sofrimento.


A força ativa do amor

É luz e vida, no entanto,

Vem do braseiro de dor

Ou da candeia de pranto.



O amor para ser amor não estranha o sacrifício.


Não se sabe com certeza,

Segundo nota cediça,

Onde termina a tristeza

E onde começa a preguiça.



Pede a Deus te livre do desânimo com o fervor de quem roga socorro ao Céu contra a intromissão de uma praga.


Aos Céus agradece a dor

Que te assinala o caminho;

Buril na mão do escultor

Tem o formato de espinho.



Em multas ocasiões, o espinho é a defesa da rosa, como a provação é a defesa da paz na vida íntima.


Atende ao próprio dever

Por mais duro de cumprir.

Quem não aprende a sofrer

Não sabe como servir.



Quem desconhece o próprio dever ainda está longe de conhecer a si próprio.


Quem quer achar a ventura

Adota esta diretriz:

Distribui felicidade

Sem procurar ser feliz.



Felicidade é a ciência de repartir o bem com os outros, a fim de transformá-lo em numerosos bens para aqueles que o praticam.


Ouvi dizer que nos Céus

Onde a alegria passeia

Não há santos com neurose

Nem anjos de cara feia.



Em qualquer empresa, a irritação dos responsáveis faz a metade do insucesso.


Quem diz que o Céu tem tristeza

Contemple o nascer do dia…

O Sol brilhando no Azul

É o retrato da alegria.



Em cada manhã na Terra, a luz do sol assemelha-se a um cântico de esperança e de alegria.