Praça da Amizade

Capítulo XIII

Instruções do tempo



O dia, por onde andares,

Informa sem alarido:

— “Quanto menos desejares,

Menos serás possuído.”


Deus, com o tempo, oferece ao homem todas as oportunidades que se lhe fazem necessárias ao aperfeiçoamento.


Lembranças de luto e dor?

Não chores. Esquece e avança.

O pesar só tem valor

Quando ligado à esperança.


Não é o tempo que passa por nós; ao contrário, nós é que passamos por ele.


Muita frase de incerteza

Muita conversa mortiça,

Certas horas de tristeza

Nada mais são que preguiça.


A esperança é uma luz no caminho das horas.


Quem larga as horas em vão

E a própria dívida atrasa,

Na lei da reencarnação,

Pagará dentro de casa.


Aproveita o tempo, construindo para o bem, a fim de que o tempo te aproveite, de modo a fazer o melhor de ti.


O tempo anota e corrige

Com mão pesada e certeira

Aquele que colhe a rosa,

Menosprezando a roseira.


Todo dia é ocasião de trabalhar e servir, aprender e renovar-se.


No tempo, ante as Leis Divinas,

Toda vida se gradua,

Não se omite, nem termina,

O que existe continua.


Quem não deseja valorizar o tempo, nunca dispõe de tempo a fim de realizar o que precisa.


Aquele que se agasalha

Na atividade do bem,

Faz o que deve, trabalha,

Sem competir com ninguém.


O relógio não é somente um marcador de minutos; é igualmente um amigo tentando ensinar-nos disciplina e atenção.


O tempo é o rio das horas,

Tão exato assim não há;

Recebe o que se lhe atira,

Devolve o que se lhe dá.


Sofrimento é a pausa que o tempo nos concede para refletir.


De tal modo era parado

O amigo Tuca Faria,

Que mesmo desencarnado,

O coitado não sabia.


Auxilia aos outros enquanto puderes, porque chega sempre para nós determinado tempo em que necessitamos do alheio auxílio.


A morte escreveu na fronte

Do finado João Romero:

“Em vida, ganhou cem anos,

Em serviço, ganhou zero.”


A vida é permanente, a oportunidade se repete, a lição se rearticula, mas o tempo de hoje não mais voltará.