Praça da Amizade

Capítulo XIV

Recados do perdão



Rigor quase sempre em vão

Espalha angústia e receio…

Na justiça sem perdão,

Algum ódio está no meio.


Nunca te esqueças do privilégio que usufruis: podes perdoar a quem te ofende.


Amor que ama, em verdade,

E só se compraz no bem,

Não sente necessidade

De se queixar de ninguém.


Quando te dispuseres a censurar alguém, relaciona as vantagens e bênçãos de que dispões.


Do perdão, achei a estrada

Na terra sob tratores:

Quanto mais injuriada,

Maior a safra de flores.


Nunca revides. Aquele que te fere possivelmente estará sob a influência da enfermidade que o carreia para o extremo desequilíbrio.


Eis um mote quase à-toa

Que o povo sabe e não diz:

— Coração que não perdoa

Não consegue ser feliz.


Nunca se viu egoísmo que não se queixe de ingratidão.


Fui revoltado e arengueiro,

Depois, aprendi, por fim,

Que os erros do companheiro

Estavam dentro de mim.


Aprendamos a desculpar o espinheiro pela rosa que ele próprio nos oferece.


Triste de quem se embaralha,

Entre as vinganças do mundo,

Quanto mais o malho malha,

Mais o prego bate fundo.


Lembra-te: surge sempre na vida o momento em que os enfermeiros precisarão de quem os trate, tanto quanto aparecerá o instante em que todos aqueles que toleram necessitarão ser tolerados.


Perdão? Em sentença breve,

Dou o que posso apontar:

Quem sofre paga o que deve,

Quem fere tem a pagar.


Perdoa e dorme em paz.


Encontrarás, onde fores,

Nos mais diversos sentidos,

Disfarçados ofensores

Em supostos ofendidos.


Perdão é a melhor vacina contra a doença do ódio.


O ódio, por si, no todo,

Sem resquícios de perdão,

É uma nascente de lodo

Parada no coração.


Esquece o mal para que o mal também te esqueça.


Perante um golpe a doer,

Cá por mim, devo explicar:

Muito fácil é sofrer,

Difícil é perdoar.


O hábito de reclamar contra os amigos cria a provação de afastá-los ou perdê-los.


O ódio que se cultiva

Por nódoa, ira ou tropeço,

É uma impressão negativa

Do amor sob lado avesso.


Desculpa sempre, reconhecendo que nós todos, os Espíritos em evolução, somos suscetíveis de erros lastimáveis. Além disso, não olvides que a existência no Mundo Físico é demasiado estreita para que alguém se perca no luxo do ressentimento.


Em nossos tempos de luz

Mesmo que a treva os degrade,

Perdão é sempre Jesus

no campo da Humanidade.


Perdão é lucro.