Menica e Conceição, Deus nos abençoe e nos ampare.
E vocês ainda se lamentam e ainda choram por dentro o que aconteceu. Não pensem mais nisso. O sucedido estava previsto.
Não sei se vocês recordam o aviso que me foi concedido. Um sonho que não foi sonho.
Devia e resgatei. O passado chamou e respondi “presente”.
Digo-lhes que não foi fácil submeter-me aos braços que me exterminaram o corpo.
A princípio, a dor da reação, o brio ferido e, depois, a revolta, o sofrimento…
Mas, em seguida o repouso, o olhar que revia muitos dos nossos, inclusive vovó; nosso Antônio Juvenal e tanta gente que me pedia recordasse Jesus.
Jesus era puro e sofreu. Que restava a mim, Espírito endividado, senão regozijar-me com a oportunidade de saldar velhas contas?
Ouvimos no mundo a verdade chamando, chamando… E, quase sempre, acreditamos que a provação chega apenas para os outros.
Descuidamo-nos. Deixamos o tempo correr, sem que nos preparemos devidamente, quando podíamos aprender e fazer tanto.
Bem, mas a hora não é para lamentar o irremediável. Estou sustentado por vários amigos para dizer-lhes que o apoio à mamãe é o meu primeiro esforço.
Compreendo. Nosso anjo do lar está quase aqui conosco, no entanto, a opinião dos médicos deve ser respeitada. Ainda assim, creio que ela deva ser preparada, a pouco e pouco, se isso ainda for possível, porque vocês sabem, as paradas cardíacas são problemas que não conseguimos resolver, quando a mente já se mostre cansada, inquieta, desanimada, abatida…
Não vejo nossa benfeitora da vida, nossa estrela do coração, desde a semana passada, mas se Deus prolongar-lhe a permanência na Terra, ajudem-na a saber tudo.
Quem nos ensinou paciência e perdão senão ela? Quem nos criou para aguentar o sofrimento sem fazer sofrimento nos outros?
O nome de Jesus foi a mais bela herança que o nosso anjo poderia nos dar. Ela ficará satisfeita ao saber que seu filho morreu para não matar e que, tal qual, ela sempre quis, partiu do mundo, abençoando aqueles que o espancaram por estarem nas trevas.
O que há, minhas queridas, é que o mal não existe, quando buscamos o bem.
Acreditou-se em humilhação e estou edificado em minha consciência.
Muitos julgam que desapareci para sempre e estou vivo, mais vivo do que nunca. De fato, ainda estou em recuperação, mas isso passa.
Breve, muito breve, já estarei com vocês, trabalhando com segurança.
Rogo a todos, mas a todos os nossos, especialmente ao Juvenal, ao Dimas, e ao Adauto, não pensarem na identificação de nossos irmãos infelizes. Eles já sofrem profundamente em si mesmos. Tudo passa. Oremos uns pelos outros.
Peçam a Dulce para que não chore mais e quando me recorde, que não me veja amassado e angustiado, como me lembram pelo corpo e não pela alma.
Vejam-me alegre, tranquilo. Afinal, de nada temos culpa. Todos estamos asserenados, em nós mesmos, porque não fomos nós quem provocou o incidente calamitoso. Suportemos tudo pelo amor de Deus e sigamos para diante com a nossa fé em Deus.
Conceição, estou orgulhoso de você. Você pensou, pensou e acabou aceitando que tudo está bem. Comunique aos nossos o seu estado de espírito.
A única infelicidade, a meu ver, é criar infelicidade para os outros e isso, graças a Deus, não nos acontece.
Se puderem e quando puderem, beijem mamãe por mim.
E, esperando que vocês duas me auxiliem na pacificação definitiva de todo o nosso grupo de corações queridos, pede a Jesus as abençoe o irmão que promete melhorar-se para ser-lhes mais útil e que estará com vocês, cada vez mais, na certeza de que o amor vence a morte e de que a morte, com tranquilidade de consciência, é Vida Maior para sempre,
Senhoras da capital paulista presentes à reunião pública de uma noite de 1969, na Comunhão Espírita Cristã, em Uberaba.