Querida mãezinha Myriam e meu querido papai Mário. Abençoem-me.
Sonhava que o renascimento fosse aquela imersão na primavera… Flores pendendo de ramos verdejantes para entretecerem tapetes imensos no chão… Pássaros cantando melodias desconhecidas, e um céu infinitamente azul convidando ao repouso.
Entretanto, a alvorada da Vida Nova é mais alta em deslumbramento… Tudo amor, a começar dos amigos que se despedem de nós para que outros companheiros, tocados de luz sem sombra e de carinho sem adeus, nos tomem nos braços…
Uma festa depois do pranto, num mar de alegrias, no qual um regato de lágrimas desapareceu como por encanto…
As inquietações terminavam e, principalmente para o Edmundo e para mim, chuvas de bênçãos de que a palavra humana está incapaz de servir a qualquer classificação, qual se os vocábulos terrestres se convertessem de repente em tijolos frios, à frente de estrelas cintilantes.
Deus de Infinita Bondade, saíamos de um cursinho para penetrar num templo em que os conhecimentos superiores apenas começam…
Mãe querida, estamos contentes. As saudades são versões da esperança numa existência mais bela… Que o seu carinho e o devotamento de meu pai, que a bondade dos amigos Ernane e Dorália nos vejam na alegria, na profunda alegria em que as formas estragadas nos arrojaram.
Não somos ingratos. Sabemos que distância é uma dor, no entanto, aqui essa dor é um ato de fé no reencontro que virá… Nunca supus houvesse tanto júbilo na casa da morte.
Um dia, isso será revelado aos homens. Só uma espécie de amargura aqui não se funde com os clarões da vida renovadora.
É a culpa. Unicamente a culpa nos obriga a recuar para os reajustes encharcados de lágrimas.
Aqui chegamos, porém, tão somente com a nossa bagagem de sonhos e as privações. Voltamo-nos para a paisagem a fim de contemplar os veículos que nos haviam servido… O carro e os corpos.
Oh! Deus, que a vida na Terra se abra às correntes maravilhosas do Bem, pelas quais as criaturas consigam vislumbrar o futuro que as esperam!
Mãe querida, não estou divagando…
As horas difíceis do renascimento passaram. A forma, a meu ver, significou a placenta que nos retinha, mas eis-nos na posse de nós mesmos, ante a grandeza da Vida.
Agradeçamos ao Criador pelos prodígios em que vivemos sem perceber, e receba os beijos de carinho e gratidão, de esperança e de alegria, com a luz da saudade, do seu filho, sempre seu,
Desde a nossa primeira entrevista com os distintos pais do poeta Sérgio de Almeida e Souza — Sr. Mário Sperry de Almeida e Souza e D. Myriam —, em Uberaba, na tarde de 29 de maio de 1980, prometeu-nos D. Myriam fornecer-nos, por escrito, um depoimento sobre as mensagens que ela e seu marido haviam recebido de seu filho Sérgio, através do lápis abençoado de Chico Xavier, a primeira delas, na noite de 23 de novembro de 1979.
No dia 11 de junho de 1980, chegou-nos às mãos o precioso documento, do qual vamos nos servir, ao longo deste e dos próximos capítulos.
Por itens, procuraremos aludir aos pontos sobre os quais Sr. Mário e D. Myriam deixaram de focar, mas que, a nosso ver, merecem ser ressaltados.
Eis a carta que acompanhou o referido depoimento, datado de Brasília, Distrito Federal, 8 de junho de 1980:
“Prezado Dr. Elias,
Estou hoje mandando a declaração que o senhor havia pedido.
Aproveito a oportunidade para comunicar-lhe que nos dados fornecidos ao senhor em relação à data de nascimento de D. Antônia Canavan Nery Costa, houve um engano; foi-lhe dado o ano de 1877, sendo que o ano correto foi 1889.
Quanto à foto da sepultura que eu lhe prometi, seguirá breve, pois esta será tirada por meu filho que não se encontra presentemente em Brasília.
Colocando-me a seu dispor para qualquer eventualidade, apresento-lhe, juntamente com meu marido, nossas cordiais saudações.
“Após a desencarnação de meu filho Sérgio de Almeida e Souza,” — assim inicia D. Myriam a sua Declaração — “através de pessoas amigas, começaram a chegar às minhas mãos, livros de jovens, psicografados através da mediunidade de nosso irmão Chico Xavier.
Comecei a lê-los, embora sem convicção, pois vinha de família católica, mas cabe dizer que aquela leitura despertou o meu interesse. Minha filha, Cristina de Almeida Scalia, que me acompanhava nestas leituras, estudou com uma colega cuja mãe, espírita que é, tem o dom da psicografia.”
Depois de afirmar que a filha acabou por solicitar à distinta médium notícias do Sérgio e do Edmundo (colega que desencarnou no mesmo acidente), tendo recebido uma mensagem, que veio assinada por respeitável nome do Espiritismo Brasileiro, chamando a atenção de D. Myriam para dois fatos desconhecidos da sensitiva:
1) O sorriso do Sérgio era contagiante — o que era verdade, pois o Sérgio tinha um sorriso conhecido e muito comentado.
2) O carinho do Edmundo pelos mais velhos — era outra verdade, pois D. Dorália Duarte Galesso, a mãe do Edmundo, já havia feito este comentário comigo.
Ficamos todos um pouco menos céticos, e como a referida psicografia aconselhava uma visita a Chico Xavier, acabamos por arrumar as malas e seguimos caminho para Uberaba.
Confesso que estava bastante excitada e nervosa, quando chegou minha vez de falar ao irmão Chico Xavier, mas aquela tranquilidade e o carinho com que o Chico me recebeu, me deram forças para conversar com ele.
Depois de explicar a razão de minha ida a Uberaba, perguntei ao Chico se ele gostaria de ver algumas coisas escritas por meu filho, das quais nem eu mesma havia tomado conhecimento antes da sua desencarnação.
Chico quis lê-las, e ficou muito impressionado com o que leu.
Mostrei-lhe também uma poesia escrita pelo Edmundo, no dia 15/07/1979, portanto, na véspera da desencarnação, através da qual ele pressentia claramente a morte próxima.
Chico leu tudo e disse-me que ambos os rapazes estavam bem e que o Sérgio estava em companhia de minha avó Tonica (fiquei surpresa, pois, em minhas orações, sempre pedia que meu pai ou minha sogra olhassem por ele. Vovó que me perdoe, mas nunca lhe pedi este favor).
Chico, quando conversa com as mães, tem um bloco em suas mãos, onde ele faz algumas anotações.
Fez-me algumas perguntas, como:
— meu nome — Myriam de Almeida e Souza — que o Chico escreveu Miriam, mas, como havia poucos minutos para falar com ele, achei por bem não corrigir;
— nome do Sérgio;
— nome do meu marido;
— nome do Edmundo;
— nome da mãe do Edmundo (não quis o nome do pai, pois este, ao contrário da mãe, não se encontrava em Uberaba). Acabada a entrevista com o Chico, coloquei o nome do Sérgio para uma possível psicografia, e saí do Grupo Espírita da Prece para voltar mais tarde, a fim de assistir aos trabalhos do estimado Chico.
Foi grande nossa emoção — minha, de meu marido e de minha filha —, quando Chico chamou a família de Sérgio de Almeida e Souza para ouvir sua mensagem.
Quatro fatos na primeira psicografia do Sérgio, me fizeram acreditar na autenticidade do que estava escrito:
1º) Myriam — escrito corretamente, quando o Chico havia grafado errado, em seu caderno.
2º) O nome do pai do Edmundo, Ernane, constando na mensagem, sem que o Chico soubesse do nome do pai do rapaz.
3º) Uma frase que diz: “saíamos de um cursinho…” — Ao conversar com o Chico, ele me perguntou como havia desencarnado o meu filho, e eu disse que havia sido num acidente automobilístico, quando ele e o amigo se dirigiam para uma pescaria. Não falara que eles haviam terminado um cursinho e feito o vestibular.
4º) Finalmente, o que eu considero como quase sendo a assinatura de meu filho na mensagem, é uma frase final, dirigida apenas a mim — “Mãe querida, não estou divagando…” Frequentemente, quando o Sérgio falava comigo, eu, às vezes ocupada com os meus afazeres, dizia-lhe: — Não fique divagando, diga logo o que quer!
Não posso colocar em dúvida a autenticidade dessa carta que Sérgio nos enviou, e que tanto conforto trouxe aos seus familiares.
Brasília, 8 de junho de 1980.
Sobre o poema em prosa — “” —, que bem demonstra o retorno de um vigoroso jovem e autêntico poeta, acrescentemos apenas os seguintes itens:
1 — Edmundo: Trata-se de seu colega de cursinho e de viagem, Edmundo Duarte Galesso, filho do Sr. Ernane Galesso e de D. Dorália Duarte Galesso, nascido a 16 de junho de 1962, e desencarnado em companhia de Sérgio, a 16 de julho de 1979, em desastre automobilístico, no município de Rialma, perto de Ceres, Estado de Goiás. Seus pais residem, atualmente, em Brasília, Distrito Federal, e são de formação católica.
2 — “Deus de Infinita Bondade, saíamos de um cursinho para penetrar num templo em que os conhecimentos superiores apenas começam…” — Sérgio e Edmundo, depois de terem passado pelo cursinho, prestaram o vestibular para Administração de Empresas e Economia, na véspera da desencarnação, a 15 de julho. Não chegaram a ficar sabendo os resultados dos exames a que se submeteram, tendo sido ambos reprovados. Iam descansar numa ilha, que fora alugada pelo pai de Edmundo. Era Sérgio quem guiava a Brasília azul. Testemunha que vinha num carro, logo atrás, percebeu que o jovem poeta dormira ao volante, deixando que o veículo se precipitasse num barranco de doze metros de profundidade. Sérgio teve morte instantânea, enquanto que seu companheiro permaneceu por alguns minutos, derramando lágrimas entre gemidos.
3 — “Nunca supus houvesse tanto júbilo na casa da morte. / Um dia, isso será revelado aos homens. / Só uma espécie de amargura aqui não se funde com os clarões da vida renovadora. / É a culpa. / Unicamente a culpa nos obriga a recuar para os reajustes encharcados de lágrimas.” — Que estes lembretes nos incitem a continuar na prática do bem, vivendo, sempre, com a consciência tranquila.
4 — Palavras finais do Sr. Mario Sperry de Almeida e Souza: “Sérgio tinha o apelido de Pêla, e era iatista do Iate Clube de Brasília, onde era muito querido. Numa das provas, a mais importante delas, um dos troféus recebeu o nome dele, e o vencedor da prova era amigo dele — Sérgio —, com quem já havia competido. Houve o tradicional minuto de silêncio, e fui eu quem entregou os prêmios aos três primeiros colocados, debaixo de muita emoção. Sobre a primeira mensagem, toda vazada em estilo poético, o ponto altíssimo, para mim, é aquela frase tão curta: — “Mãe querida, não estou divagando…” É a maior prova, como se fosse reconhecimento de firma em tabelião, este é o selo do Sérgio. Ele, quando conversava com a mãe, rogava-lhe paciência para explicar tudo direitinho. Para quem era poeta e só ficamos sabendo após a sua desencarnação, este detalhe é importantíssimo.”
Querida mãezinha Myriam e meu pai Mário, peço-lhes a bênção.
Estamos aqui celebrando o reencontro na lembrança em forma de preces.
Edmundo e eu estamos felizes, tanto quanto se pode encontrar alegria em meio das inquietações que ainda nos visitam o campo espiritual.
Insisti com o amigo para que escrevesse, no entanto, o nosso caro Edmundo ainda não consegue imunizar-se contra a emotividade que decorre naturalmente de encontros qual o nosso desta noite.
Ele com o avô Domingos, que o recolheu nos braços, me encarregaram de transmitir à irmã Dorália e ao papai Ernane as saudades imensas que lhe ferem o coração.
Este tópico de nosso comunicado não quer dizer que me reconheço insensível. As saudades vagam igualmente por dentro de mim, e revejo tudo o que foi nossa felicidade no lar terrestre, mas aprendi a considerar a angústia da separação temporária por tradução da esperança no reencontro sem adeus.
Desejamos informar ao amigo Ernane para que não se absorva em quaisquer pensamentos destrutivos, imaginando que lhe seria possível evitar a nossa descoberta da libertação, no rumo de outra vida.
Fomos convidados a pescar e sem dúvida que a nossa rede se fez diferente. Não nos imobilizamos à beira de um rio e sim acordamos para um oceano de estrelas, aprisionando flores de luz nos braços, sequiosos de renovação.
Pais queridos e gentis quais os nossos, naturalmente se afligem por nossa causa, mas rogamos aos quatro para que se tranquilizem.
Graças a Deus, não temos perdido tempo. Estudamos e pesquisamos. Novos mentores criam luz e estímulos edificantes adentro de nós.
Sem dúvida que não achamos o Paraíso das tradições, mas descortinamos um mundo novo em nós mesmos. Despertamos.
Sem qualquer propósito de desprestigiar a escola humana, tenho, de mim para comigo, que viver sob o regime da gravitação no solo da Terra será possivelmente a morte para o Espírito, criado por Deus para a liberdade e para a beleza.
Foi assim que acordamos, quando nossas vestimentas de ferro e conexos se estraçalharam na estrada.
Um automóvel é semelhante a um grande robô a transportar-nos calçado em galochas. Bastou um atrito mais forte com o imprevisto e nos vimos desalojados da casca.
Presentemente, trabalhamos, conquanto modestamente, no apoio a outros jovens, quais nós mesmos, a fim de que não se acomodem num sono mais pesado que esse a que me reportei da existência na matéria mais pesada do Plano Físico.
São muitos os companheiros que se anuviam por dentro de si mesmos, escorregando num desmaio de longo alcance, e anulando as próprias forças.
Desejamos falar sem qualquer reprovação dos amigos que se anestesiam com picadas e doses estranhas, procurando fugir à penumbra para se arremessarem nos despenhadeiros da demência, em forma de tranquilidade ou excitação que os situa à margem da própria loucura.
Por isso mesmo, ansiamos espalhar ideias de paz e alegria, instilar renovação em tanta gente verde que precisa amadurecer para a realização do melhor.
Pais queridos, auxiliem-nos com a aceitação da ocorrência que nos descartou da bagagem física. Precisamos trabalhar.
Que o nosso Edmundo não mais pranteie sobre a visão do que se foi para sermos ambos o que a vida espera de nós. Obreiros do trabalho e da transformação por amor.
O querido amigo, indiscutivelmente, ainda está muito ligado à família que lhe foi e ainda é especialmente querida e envia lembranças aos irmãos Luiz Cláudio, Cristina e Dora Thereza.
E eu também me faço mensagem de carinho e boa vontade para todos os irmãos outros da família humana, tanto quanto da família particular, com o anseio de afirmar-lhes que a morte é ilusão e que a vida na Terra é um estágio de bênçãos, no qual o suor em serviço do bem nos consegue angariar passaporte para novas faixas de revelação e de imortalidade.
Que meu pai Mário e mãezinha Myriam me perdoem se me observam embriagado de esperança e faminto de luz.
Um mundo novo há de surgir dos escombros do ódio e do egoísmo que até hoje ainda nos separam uns dos outros e Deus, o Criador da Vida, nos fará criaturas libertas de toda sombra, na direção de novo amanhecer.
Pais queridos, recebam com os nossos amigos e todos os nossos, todo o coração, despedaçado em amor e confiança, paz e alegria, do filho que lhes deve tudo de bom e belo, que nos possui em nome de Deus.
Sempre o filho reconhecido,
Sobre a segunda mensagem do Espírito de Sérgio de Almeida e Souza, recebida pelo médium Xavier, na reunião pública do Grupo Espírita da Prece, na noite de 18 de janeiro de 1980, a que denominamos “Esperança no Reencontro sem Adeus”, continuemos transcrevendo trechos do importante depoimento que nos prestou a Sra. Mãe de Sérgio, D. Myriam de Almeida e Souza, e que já foi objeto de nossa análise em capítulo anterior. (v. )
Resolvemos voltar a Uberaba, em janeiro de 1980, para nova visita ao Chico.
Desta vez, já pude conversar com o Chico, nosso grande amigo, com maior tranquilidade, mas fiquei bastante balançada com o que ele me disse:
— O Sérgio está bem, cada vez melhor; continua em companhia de sua vó Antônia e está agora com o vovô Moacyr (meu pai).
Conversamos mais um pouco, e o Chico me disse:
— A senhora tem mais dois filhos, a Cristina e o Luiz Cláudio, e o papai Mário está lá fora.
Como duvidar?
Novamente, foi colocado o nome do Sérgio, na esperança de outra psicografia, e nova emoção ao sermos chamados para outra mensagem deste filho que embora ausente, sempre que pode se faz presente, graças ao querido Chico.
Mais uma vez, eis os fatos que nos fizeram acreditar na autenticidade do que estava escrito:
1º) Nos primeiros dias de janeiro, estive no Rio de Janeiro, e fui visitar um Centro Espírita, onde há também uma médium que psicografa. Esta senhora me disse que o Sérgio estava tão bem, que já estava trabalhando em auxílio a jovens, aqui na Terra, viciados em tóxicos. Na psicografia do Sérgio pelo Chico, meu filho faz menção a este fato.
2º) Os rapazes iam pescar, a convite do pai do Edmundo, e o Sr. Ernane Galesso sentia-se culpado, alegando que se não houvesse feito o convite, o acidente não teria ocorrido. Nesta segunda mensagem, o Sérgio faz alusão a este fato, sem que o Chico soubesse.
3º) Chico não sabia o nome da irmã do Edmundo — Dora Thereza —, que foi citado na mensagem, além do nome de meus outros dois filhos, Cristina e Luiz Cláudio.
Mais importante, contudo, do que os fatos a que aludimos e que não deixam margem a dúvidas, é o conteúdo espiritual destas mensagens, que despertou em seus familiares a semente da caridade, do amor ao próximo, da fé, da esperança e da necessidade premente de trabalho em auxílio a irmãos mais necessitados.
Hoje, continuamos sendo uma família feliz (Por ocasião da primeira entrevista, disse-nos o Sr. Mário: “Com a mensagem, retornamos três pessoas diferentes — Myriam, Cristina e eu alegres dentro da tristeza.” (Elias B.)).
Não temos mais o Sérgio no nosso dia a dia, mas estamos convictos de que ele está vivendo a Maior das Maiores Vidas. Que Deus abençoe o Chico Xavier por tanto bem que ele fez a nós e a tantas outras famílias.
Gostaria de terminar esta declaração, repetindo uma frase dita por meu genro, o Sr. Reinaldo Tadeu Scalia, poucos meses antes da desencarnação de meu filho:
— “O Sérgio é o filho que todos os pais gostariam de ter.”
Logo após a data e as assinaturas, D. Myriam acrescentou os seguintes esclarecimentos:
— — nascido na cidade do Rio de Janeiro, Estado do Rio de Janeiro, a 25 de março de 1961, e desencarnado em Ceres, Estado de Goiás, a 16 de julho de 1979.
— Mãe — Myriam de Almeida e Souza — residente em Brasília — S.Q.S. 314 — Bloco “E” — apto. 104.
— Pai — Mário Sperry de Almeida e Souza — residente em Brasília, endereço acima.
— Irmã — Cristina de Almeida Scalia — residente em Brasília — S.Q.S. 416 — Bloco “Q” — apto. 202.
— Irmão — Luiz Cláudio de Almeida e Souza — residente em Brasília — S.Q.S. 314 — Bloco “E” — Apto. 104.
— Cunhado — Reinaldo Tadeu Scalia — residente em Brasília — S.Q.S. 416 — Bloco “Q” — apto. 202.
— Tonica — Antônia Canovan Nery Costa — nascida em São Paulo, Capital, a 5 de novembro de 1889, e desencarnada na cidade do Rio de Janeiro, RJ, a 6 de janeiro de 1963 — era bisavó materna do Sérgio.
— Moacyr Nery Costa — nascido a 23 de janeiro de 1908, na cidade do Rio de Janeiro, Estado do Rio de Janeiro, e desencarnado a 11 de janeiro de 1967, na mesma cidade; era avô materno do Sérgio.
— — nascido na cidade de Brasília, Distrito Federal, a 16 de junho de 1962, e desencarnado em Ceres, Estado de Goiás, a 16 de julho de 1979.
— Mãe — Dorália Duarte Galesso — residente em Brasília.
— Pai — Ernane Galesso — residente em Brasília.
— Irmã — Dora Thereza Duarte Galesso — residente em Brasília.
— Domingos Basso — nasceu em Nápoles, Itália, e desencarnou com 63 anos de idade, em São Luiz Gonzaga, Estado do Rio Grande do Sul, por volta de 1927.”
Antes de concluir o presente capítulo com o poema premonitório de Edmundo Galesso, vejamos, com o máximo de síntese, apenas, alguns dos muitos pontos altos da página mediúnica
1 — “Sem qualquer propósito de desprestigiar a escola humana, tenho, de mim para comigo, que viver sob o regime da gravitação no solo da Terra será possivelmente a morte para o espírito, criado por Deus para a liberdade e para a beleza.” — Belíssimo e inteligente modo de dizer, próprio de um poeta, que a Terra, por enquanto, é um mundo de provas e expiações, destinado a se transformar, dentro do grande futuro, em mundo de regeneração.
2 — “Presentemente, trabalhamos, conquanto modestamente, no apoio a outros jovens, quais nós mesmos, a fim de que não se acomodem num sono mais pesado que esse a que me reportei da existência na matéria mais pesada do Plano Físico.” — Este tópico da mensagem confirma a resposta de Chico Xavier/Emmanuel à nossa entrevista, que constitui um dos capítulos do livro Enxugando Lágrimas () .
3 — “Um mundo novo há de surgir dos escombros do ódio e do egoísmo que até hoje ainda nos separam uns dos outros e Deus, o Criador da Vida, nos fará criaturas libertas de toda sombra na direção de novo amanhecer.” — Afirmativa das mais sérias, de que não duvidamos, cabendo-nos, co-criadores que somos, prosseguir firmes na trilha, orando e trabalhando, infatigavelmente.
Tencionávamos transcrever pelo menos um dos três poemas de Sérgio — “O Drama da Mãe Solteira” (poema em prosa); “Por quê?” e “Esperança” — que tivemos oportunidade de ler, e “Socio-racionalismo” e “Cavaleiro Errante”, de Edmundo Galesso, mas, não apenas por motivo de espaço e sim por fugir ao objetivo que nos propomos neste livro que é o de consolar sem preocupações científicas ou literárias, vamos trasladar para cá, sem alterar uma só vírgula, o poema de Edmundo, de conteúdo premonitório:
Está acabando, que tristeza, que vontade de parar o tempo. Estou voltando, de novo, De Vagar, Sempre. Vou, mas Deixo um pedaço do meu ser contigo. Uma rede loira me envolveu, os olhos de um mar claro me afogaram, A nudez de uma boca, que muitas vezes falou coisas cruéis, beijou o ventre da minha existência, onde hoje sinto que o vago caçou o meu espírito. E a fera agonizou. Está acabando, Acabado, Acabou. |
15/07/1979.
Obs. O jovem autor faleceu (no dia seguinte) em acidente de carro, em 16/07/1979.
Querida mãezinha Myriam e querido papai Mário, abençoem-me.
Este bilhete é somente para lhes dizer que sigo melhorando sempre.
A vovó Nica, a vovó Alzira e o Paulo Henrique muito me auxiliaram e espero para breve a alegria de lhes ser útil, de maneira que não lhes venha a causar tantas dificuldades e pesadelos.
Graças a Deus o pranto parou de correr, ao toque da fé e nesse toque de fé possa eu caminhar para a frente, a fim de me realizar com Jesus.
Sempre o filho muito reconhecido,
Sobre a terceira mensagem de Sérgio de Almeida e Souza, psicografada pelo médium Xavier, na reunião pública do Grupo Espírita da Prece, na noite de 26 de setembro de 1980, um bilhete que intitulamos “Alegria de Ser Útil”, observemos tão somente os seguintes itens:
1 — Vovó Nica: Antônia Canovan Nery Costa, nossa conhecida de capítulos anteriores, nascida a 5 de novembro de 1889, e desencarnada a 6 de janeiro de 1963. Bisavó materna.
2 — Vovó Alzira: Alzira Sperry de Almeida e Souza, nascida a 30 de abril de 1902, e desencarnada a 29 de junho de 1927. Avó paterna.
3 — Paulo Henrique: Paulo Henrique Alves de Almeida, filho de Ayrton de Almeida e de v. Maria da Conceição Alves de Almeida (amigos da família), nasceu a 4 de fevereiro de 1951, no Rio de Janeiro, Estado do Rio de Janeiro, e desencarnou a 20 de abril de 1978, em São Paulo, Capital.
Sr. Mário Sperry de Almeida e Souza, pai de Sérgio e funcionário aposentado do Banco Central, lembrou-se de uma passagem que ocorreu com sua esposa, D. Myriam, depois que retornaram de Uberaba, com a mensagem do filho, agora residente no Além.
Ao telefonar para sua genitora, D. Myriam assim se expressou:
— Agora, mamãe, depois desta mensagem, posso dizer que sou uma mãe quase feliz.
Ao que sua mãezinha, do outro lado do fio, retrucou: — E eu me sinto completamente feliz, por ter uma filha com tanta conformação quanto você.
Recordou-nos, ainda, o quanto Sérgio era caridoso e honesto, narrando-nos o episódio do litro de mel, tão marcante na vida deste jovem poeta.
Para concluir o presente capítulo, com chave de ouro, transcrevamos curta mensagem — um poema em prosa — do Espírito da jovem Emily de Putron, recebida pela médium Sra. Costel, na sessão de 27 de janeiro de 1865, na Sociedade Espírita de Paris, estando presente o insigne Codificador do Espiritismo, depois que foi lido o discurso — verdadeira obra-prima espírita — que o genial poeta Victor Hugo proferira ao pé do túmulo da referida jovem Emily, () que desencarnara poucos dias após o casamento de uma de suas irmãs, e na véspera do lançamento do décimo quarto volume de tradução de Shakespeare, que o grande poeta Sr. François Hugo lhe tinha dedicado:
“As palavras do poeta correram sobre esta assembleia como um sopro sonoro. Fizeram os Espíritos estremecer; evocaram minhalma, que ainda flutua incerta no éter infinito!
“Ó poeta, revelador da vida, bem conheces a morte, pois não coroas com ciprestes aqueles que tu choras, mas ligas às suas frontes as trêmulas violetas da esperança! Passei, rápida e ligeira, apenas aflorando as enternecidas alegrias da vida; ao declinar do dia, fui roubada sobre o trêmulo raio que morria no seio das ondas.
“Ó minha mãe, minha irmã, minhas amigas, grande poeta! não choreis mais; ficai atentos! O murmúrio que acaricia os vossos ouvidos é meu; o perfume da flor inclinada é meu hálito. Misturo-me à grande vida para melhor penetrar o vosso amor. Somos eternos; o que não teve começo não pode acabar, e o teu gênio, ó poeta, semelhante ao rio que corre para o mar, encherá a Eternidade com o poder que é força e amor!
Francisco Cândido Xavier, Elias Barbosa e Espíritos Diversos, Enxugando Lágrimas, IDE, Araras, (SP), 4ª edição, 1981, pp. 183-185.
Allan Kardec, Revista Espírita — Jornal de Estudos Psicológicos, Oitavo Ano — 1865, Trad. de Júlio Abreu Filho, EDICEL, São Paulo, 1966, PP. 61-62.