Meu prezado Moacir, Num bilhete improvisado, Naquele jeito de amigo, Você me pede um recado. Já sei por telepatia Na ideia que vai e vem: Você deseja notícias Do que se passa no Além. No código da amizade, Uma resposta é dever, Se o companheiro procura O que aspira a saber. Entretanto, está difícil Atender-lhe a confiança, Na morte, nada se extingue, Mas tudo sofre mudança. Não me peça novidade, Destino é um caso tremendo: Porque futuro é o retrato Do que se esteja fazendo. Não esnobe, nem se gabe Olhe a vida, sirva e ouça; Nunca imitar o macaco Que invade casa de louça. Converse com tolerância, Exalte a força do bem, Não quebre esperança alguma, Nem menospreze a ninguém. Não desperdice o seu tempo, Parado em contras e prós; Não busque faltas alheias, Lembre as que temos por nós. Nas lutas de cada dia, Guarde calma e não se esquente, Receba cada pessoa, Assim como se apresente. Sobretudo, aqui destaco A nota a que mais me aplico: Ante os problemas dos outros, Ponha silêncio no bico. Quanto ao mais, siga e não tema… A morte, quando tem vez, Só nos entrega de volta Aquilo que a gente fez. |