Certa mulher sofrida no trabalho E que agia tão só na prática do bem, Teve, um dia, saudade de Jesus E passou a viver concentrada no Além. Muito tempo, lutara dia a dia, Vencendo sombra, empeço, tentação, Servira a muita gente, mas supunha Que todo o longo esforço houvera sido vão. Trazia os pés feridos, indagando Se a Terra não seria estranho espinheiral, Conquanto a fé lhe acalentasse o peito, Declarava temer a vitória do mal. Suportara, sem mágoa, ingratidões e golpes, Entretanto, cansara se, por fim, Queria agora a paz do Lar Celeste, Sonhava entrar em fúlgido jardim… Desejava esquecer a tristeza e a fadiga, A poeira do mundo e a cinza do pesar, Suplicava a Jesus lhe concedesse, O caminho do Além e o dom de descansar. Jesus, porém, um dia, veio e disse: “Filha, Enquanto houver na Terra algum sinal de dor, Estarei, entre os homens, trabalhando Para a Bênção de Deus, em tarefas de amor. “Mas se queres partir, segue adiante, Busca os sóis da Divina Primavera, Construíste, lutaste, padeceste, Conquistaste o repouso, a Paz te espera.” Mas aquela que ouvira o Cristo Amado, Não mais pensou no Céu, nem no Porvir, E, seguindo a Jesus, achou na própria Terra A alegria de amar e o prazer de servir. |