Indagas, coração, Como seguir além de alma segura, Ante a noite de pranto e de amargura, Como agir e avançar… Contemplemos a estrada em que marchamos: Quando a tormenta ruge, implacável e cega, A vida roga em tudo a que se apega: Confiar, confiar… Bramem trovões, ao longe riscam raios, Grandes árvores tombam retorcidas, Gemem no vale multidões de vidas, O furacão é um monstro sem lugar… As aves espantadas, entretanto, Relegadas, de chofre, aos assombros da furna, Pipilam, como em prece, ante a treva noturna: Confiar, confiar… Pedras lascadas rolam sob estrondos, Gritam rochas no impacto violento, Braços ocultos no fragor do vento Movem a gleba multissecular… Águas descendo em fúria jorram lodo E engolindo-as em paz sem que se afronte, Conquanto a sufocar-se, reza a fonte: Confiar, confiar… Mas o aguaceiro passa… A sombra aos poucos Foge temendo o dia que a devora As janelas de luz da nova aurora Abrem-se, a plenos céus, de par em par. O sol ressurge a refazer o campo Depois extingue a lama dos caminhos E as aves cantam restaurando os ninhos: Confiar, confiar… Assim também, alma querida e boa, Nos momentos de angústia a que te levas Sofre sem reclamar a convulsão das trevas, Persistindo no bem, a servir e a esperar… E embora as aflições e as lágrimas do mundo, Pela fé, ouvirás, de ânimo atento, A mensagem de Deus no firmamento: Confiar, confiar… |