20ª reunião | 7 de março de 1957
: Arnaldo Rocha, Ênio Santos Elza Vieira, Geni Pena 10avier, Francisco Teixeira de Carvalho, Geraldo Benício Rocha, Edmundo Fontenele, Edite Malaquias 10avier, Aderbal Nogueira Lima, Zínia Orsine Pereira, e Waldemar Silva.
Meus amigos, a paz do Senhor Jesus seja conosco.
Para os espíritas desencarnados, a mediunidade é problema dos mais aflitivos no santuário de princípios a que empenhamos a nossa fé. Sabemos que mediunidade não é Espiritismo. Ela surge dentro da Nova Revelação assim como em medicina dispomos do veículo para o remédio. O álcool, a água, o xarope não constituem a entidade curativa em si, contudo, são instrumentos valiosos que lhe fixam os valores.
Imaginemos a ignorância como sendo a moléstia do mundo. Ignorância que aumenta a animalidade, que garante a desarmonia e a loucura. Mentalizemos o Espiritismo como sendo a luz medicamentosa e a mediunidade desempenhando a função do canal que lhe dissemina a virtude. Quanta realização proveitosa se as criaturas trazidas aos misteres medianímicos encarassem as suas responsabilidades com mais ampla musculatura moral! Para nós, batalhadores humildes, exonerados da carne com o propósito de acentuar observações em prol do trabalho sadio nos arraiais de nossa luta, a análise aparece como serviço dos mais preciosos. Formulamos indagações justas… Consultamos arquivos… E ficamos sabendo que há precisamente um século a Esfera Superior tem providenciado o renascimento de múltiplas comissões de batalhadores, constituídas, todas elas, por Espíritos missionários, que se oferecem como colaboradores voluntários de bandeira libertadora de nossa Doutrina, por almas endividadas que pedem provações nos alicerces do Cristianismo redivivo ou por criaturas que se lançam à conquista de méritos indispensáveis à mais ampla ascensão no mundo espiritual. Entretanto, quão raros são aqueles que no conflito entre a sombra e a luz não caem às primeiras investidas da treva!
Exclamou o Senhor, certa vez, para os seus discípulos: “Eis que vos envio como ovelhas aos círculos dos lobos”. (Mt
Se essa vacilação se referisse à influência do mal, ela seria, talvez, justificável, entretanto, por mais complexo se nos faça o raciocínio reporta-se inteiramente ao bem que nos pede amor e consagração. Raramente encontramos algum companheiro que, em cometendo essa ou aquela falta, não esteja convicto quanto ao império dos inimigos desencarnados que lhes flagelam a vida. Esse ou aquele delito é justificado com a presença do obsessor. Essa ou aquela omissão no dever a cumprir é imputada à atuação de Espíritos infelizes, mas em se tratando do sacrifício que devemos à causa do bem, a favor do próximo, quase todos os colaboradores do trabalho mediúnico costumam asseverar: “É possível que isso seja meu. Tenho receio de mistificar… Estou em dúvida e por isso devo guardar abstenção… Tenho medo de mentir à minha própria consciência… Não tenho certeza se me cabe agir dessa ou daquela maneira, porque não vejo bem as entidades desencarnadas… Não ouvi com clareza o Espírito protetor e por isso mesmo senti-me na obrigação de evitar a mensagem…” Essas e outras frases explodem a cada passo, aqui e ali, como se nós, em nossa clara posição de inferioridade, estivéssemos realmente habilitados à pratica do bem e como se esse bem não fluísse da Esfera Superior, procurando os nossos singelos recursos de interpretação.
Não podemos hesitar no culto à fraternidade. Todos estamos armados com o discernimento preciso para saber que essa ou aquela palavra, e que essa ou aquela providência são destinadas à melhoria, ao consolo, ao socorro e ao amparo daqueles que nos cercam. Basta que façamos silêncio, guardando a coragem de emudecer nosso personalismo delinquente para que o auxílio divino se estabeleça através de nossas possibilidades, na garantia da felicidade dos outros. Quanta lágrima enxugada, quanto reconforto administrado, quanta riqueza emotiva fixada em corações sofredores, quanta luz nas almas obscurecidas pelas trevas se tivermos o desassombro de entregar o coração, o cérebro, a voz e os braços à glória do bem para que o amor se estenda puro!
É imprescindível acordar os companheiros da mediunidade para a obra do bem incondicional, a fim de que não estejamos imobilizando a ação dos instrutores do Alto, abnegados e vigilantes na renúncia e na caridade, em benefício do mundo. Mediunidade e Espiritismo!
Espiritismo é a lição divina de Jesus, como o sol brilhando para todas as criaturas, indistintamente! Mediunidade é instrumentação humana para a dosagem dessa luz na redenção das consciências encarnadas e desencarnadas. Ajudemos àqueles corações incumbidos de desdobrá-la para que raciocinem a tempo, a fim de que o tempo de permanência na carne lhes seja realmente favorável, porque todos nos achamos em marcha para a verdade suprema.
Mediunidade e Espiritismo! Espiritismo é bênção do Criador. Mediunidade é trabalho da criatura. Mal caminharemos, porém, se os médiuns, longe do estudo e longe da prestação de serviço desinteressado, se acomodarem com as trevas disfarçadas em aplauso do mundo e exclusivismo doméstico. Não podemos esquecer a obrigação de prosseguir no sulco dos pioneiros da nossa fé, a começar pelo exemplo daquele pioneiro maior que foi o apóstolo da Codificação, Allan Kardec!
É preciso não olvidar que todos nós encontramos no Espiritismo a possibilidade da grande iniciação para a Vida Maior, iniciação que pode ser sintetizada com o primeiro mandamento da lei, “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração e de todo o teu entendimento”, (Mc
Comunicação recebida pelo médium Francisco Cândido Xavier, do Grupo Meimei, em Pedro Leopoldo, Minas Gerais.