Registros Imortais

Capítulo LIV

Em plena era nova



54ª reunião | 7 de novembro de 1957


: Arnaldo Rocha, Ênio Santos, Elza Vieira, Laura Nogueira Lima, Geni Pena 10avier, Francisco Teixeira de Carvalho, Geraldo Benício Rocha, Edite Malaquias 10avier, Aderbal Nogueira Lima, e Waldemar Silva.


Meus amigos, busquemos, acima de tudo, a bênção do Senhor Jesus!

De fato, a Terra vê-se à frente de uma era nova. Sacudida pelo alvião científico, sente-se a mente do mundo abalada nos alicerces. É o progresso em todas as direções, conclamando os homens ao despertamento espiritual para a vastidão soberana da vida. A navegação aérea atendeu ao problema dos transportes, conjugando o fantasma da fome por desterrá-lo do seio das nações. A radiofonia patrocina a expansão do pensamento rápido. A televisão modifica a face do mundo. À maneira dos últimos remanescentes do feudalismo, que foram abatidos no século passado pelos golpes da república, todo regionalismo está sendo, necessariamente, massacrado pelo impositivo da comunhão social mais profunda.

Não precisamos acrescentar qualquer anotação tendente a criar novo anseio à expectação geral em torno dos últimos eventos que impressionaram a humanidade. O domínio do combustível, a evolução da física nuclear e a penetração no reino atômico estão conferindo ao homem novos poderes que, analisados no conjunto, compelem a reflexões muito graves, porque se o propósito da hegemonia política não foi devidamente controlado, criando-se, espontaneamente, mais ampla união da vida continental no planeta, o homem poderá, efetivamente, interferir no movimento pendular da Terra, determinando alterações de consequências imprevisíveis nas calotas polares.

Entretanto, não devemos conduzir a imaginação para qualquer faixa obscura e pessimista. Entendamos na presente renovação do mundo mais alto apelo da Esfera Superior para que o campo da evolução terrestre se incorpore à vida cósmica.

A humanidade está sendo chamada a raciocinar em termos de infinito no espaço e no tempo, e, nesta hora, sem dúvida, o Espiritismo é a força capaz de auxiliar as criaturas, a fim de que se desfaçam as cristalizações dogmáticas do caminho religioso, para que o pensamento do mundo, liberto de todos os cárceres e de todas fantasias, possa acompanhar a ciência em suas arrojadas iniciativas e a filosofia em suas imensas realizações sociológicas.

Claro que necessitamos da máxima cautela no trato com semelhante assunto, porquanto, se o homem de hoje aspira o contato com habitantes de outros planetas, não podemos olvidar que seres de outros mundos são também todos os desencarnados, que, há mais de um século, estão convidando a atenção da Terra para a glória da vida na vida universal.

Integrados, assim, no conhecimento e na prática de nossas responsabilidades, atendamos aos nossos deveres na condição de obreiros humildes do mundo novo, colaborando cada um de nós no círculo de ação que nos é peculiar para que a nossa Doutrina, com a bênção de Deus e ao sopro renovador do Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo, possa, com as balizas de Allan Kardec, amparar, tanto quanto possível, a mente surpreendida e desarvorada da multidão.

Todos nos achamos à face de uma época destinada a modificações profundas, mas saudando-a com otimismo e formulando votos para que todos nos arregimentemos na obra de preservação mútua e de redenção recíproca nas linhas multifárias em que se nos desenvolve a existência, recordemos, para a nossa edificação, a palavra do Senhor Jesus — “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei” (Jo 15:12) —, para que o espírito de transformação não nos surpreenda acastelados no orgulho da raça e na vaidade regionalista. E lembremos, ainda, o ensinamento monumental de Allan Kardec — “Nascer, viver, morrer, renascer de novo e progredir sempre, tal é a lei” —, para que o progresso inelutável nos encontre na posição de trabalhadores decididos e resolutos na construção do mundo melhor.




Comunicação recebida pelo médium Francisco Cândido Xavier, do Grupo Meimei, em Pedro Leopoldo, Minas Gerais.

[“Naître, mourir, renaître encore et progresser sans cesse telle est la loi.” — Epitáfio insculpido no bordo frontal da pedra que encima o dólmen construído sobre o túmulo de Allan Kardec no Cemitério do Père-Lachaise () — Esta frase encontra-se na página de rosto da edição original francesa dos livros “O que é o Espiritismo” e “O Espiritismo em sua expressão mais simples”.]