52ª reunião | 24 de outubro de 1957
: Arnaldo Rocha, Ênio Santos, Elza Vieira, Francisco Gonçalves, Geni Pena 10avier, Lucília Xavier Silva, Francisco Teixeira de Carvalho, Geraldo Benício Rocha, Antônio Inácio de Melo, Áurea Gonçalves, Eunice Cerqueira, e Waldemar Silva.
Meus amigos, louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo!
De quando em vez, um toque de alerta faz sempre bem na defesa de nosso bem.
Religião, em sinonímia legítima, define o culto dos nossos deveres para com Deus, religando as criaturas ao Criador. Por isso seitas religiosas, a rigor, são criações humanas, renováveis e perecíveis, como tudo aquilo que sai da experiência terrestre.
Os egípcios, os gregos e os romanos estabeleceram agrupamentos dessa natureza, levantando santuários diferentes para a consagração de seus numes domésticos. Com Jesus Cristo, nosso Senhor, porém, não encontramos qualquer traço de fé sectarista. Visita-nos ele procurando nosso Pai celestial nas criaturas irmãs e conduzindo as criaturas irmãs à comunhão com o nosso Pai celestial.
O templo do Mestre, em cuja intimidade oficiava, sublime, era o próprio coração humano, despertando as almas para a glória divina. Da manjedoura até a cruz, vemo-lo curando os enfermos, ensinando o caminho da purificação espiritual, reerguendo os caídos, consolando os tristes e aliviando a carga dos sofredores.
Não se pode dizer que o Pastor excelso haja criado mais uma seita religiosa para ser adicionada às existentes, porque no seu exemplo estava a própria religião em si, como luz da vida eterna, religando a Terra ao Céu, a alma à sua divina origem. Aliás, foi ele mesmo quem asseverou que Deus é Espírito e importa que O adoremos em espírito e verdade. (Jo
O Espiritismo, operando a renascença do pensamento do Cristo, não é também uma seita religiosa para ser incorporada às outras. Temos nele uma doutrina de consequências morais, apoiando-se sobre três bases distintas, que se constituem da religião, da filosofia e da ciência. Em seus círculos de trabalho, a filosofia indaga, a ciência experimenta e a religião ilumina.
Possuímos em seus princípios o trabalho dos instrutores da humanidade, sob a bênção do nosso Senhor Jesus Cristo, tanto quanto nosso Senhor Jesus Cristo se encontrava sob a bênção do Pai, empreendendo a renovação das almas para Deus. Por essa razão O Livro dos Espíritos é a chave de nossa libertação moral. Em suas páginas, como que por inspiração da Infinita Sabedoria, surgem as perguntas da inteligência humana com o pronunciamento da Espiritualidade Superior por intermédio de respostas adequadas ao anseio das criaturas.
Não lidamos, portanto, com uma bandeira de proselitismo, mas sim com as responsabilidades de transportar conosco o pensamento de Jesus, configurado na interpretação de Allan Kardec, regenerando as nossas próprias almas diante das almas que nos assistem. Indispensável, desse modo, estejamos despertos para o Espiritismo vivido dentro de nós, antes de pregado por nossa boca, alertados para o impositivo da qualidade sem a insistência do número.
Não ignoramos que, na Terra, todos os seres existem, mas somente o Espírito humano já chegou à razão sazonada com a obrigação de sobreviver segundo os ditames da consciência reta. Daí o ensinamento de nosso Senhor com a interpretação de Allan Kardec e todo o acervo de lições das Esferas sublimes, convocando-nos para o necessário ajustamento à lei divina, a fim de que o amor e a sabedoria se manifestem através de nós todos, encarnados e desencarnados, em favor da redenção terrestre.
Estejamos, pois, no fiel desempenho de nossas funções, iluminando-nos para que possamos iluminar, porque apenas através da caridade de nosso dever bem cumprido é que estaremos em dia para a execução da verdadeira caridade.
Comunicação recebida pelo médium Francisco Cândido Xavier, do Grupo Meimei, em Pedro Leopoldo, Minas Gerais.