Minha amiga, minha irmã!
Com o temporal, a natureza purifica a atmosfera. Com o orvalho, o céu alimenta a Natureza.
Também com a chuva de lágrimas, o Senhor regenera nossas almas e com o rocio da oração conseguimos amenizar a secura do caminho que nos conduz ao Pai Celestial.
Inclinemo-nos à frente dos Divinos Desígnios. Nossa, marcha redentora para Deus, quando subimos pela escarpa do reajuste, desdobra-se entre espinheiros e vertigens da ascensão.
Escolheste o sublime roteiro das Mães! Mãe pelo sacrifício de todos os sonhos e pela renúncia a toda a felicidade menos construtiva no mundo!
Começaste sofrendo no berço e, embora esperando a materialização do castelo de ventura arquitetado na meninice, conheceste a bênção do matrimônio, nele buscando a coroa da maternidade dolorosa e santificante. Acolheste, nos braços, velhos tesouros que velaste na eternidade, sob as flores de tuas melhores esperanças… Nos braços, acalentaste esses companheiros do grande caminho, nutrindo-os na fonte de teu amor.
Afigurava-se-te o mundo, enquanto podias detê-los de encontro ao coração sensível e generoso, um templo em que as tuas dores se glorificavam na confiança e no otimismo, na expectação e na fé viva, à frente do futuro. Entretanto, se havias sido igualmente chamada à educação dos filhos alheios, eras, para os felizes rebentos de tua ternura, não apenas mãe pela carne, mas também a amiga constante e a instrutora ideal.
É por isso que, hoje, a concha de teu devotamento parece esvaziar-se, torturada aos golpes da aflição… por esse motivo que agora, por mais fulgure a luz solar, conclamando-te à alegria, sentes o coração sepultado nas sombras do peito, à maneira de nau desmantelada pela tormenta, a mergulhar-se sob a pesada corrente do mar revolto…
Somos, porém, uma família de muitos laços afetivos e não nos perderemos uns dos outros.
Prometemos fidelidade ao Amigo Eterno, que jamais nos desamparou, e, nas horas difíceis, entrelaçamos as próprias mãos para o justo soerguimento…
Aqueles que nos seguem, de longe e de perto — chaves celestes de nossos destinos — não nos relegarão à fúria da tempestade.
Seguem-nos com o carinho das afeições indestrutíveis, que o tempo somente consegue fortalecer e reavivar.
Teu Espírito atormentado não cairá…
Em companhia de Jesus, muitas vezes, conhecemos realmente a solidão; contudo, jamais o abandono.
O amor inextinguível, por abençoado farol em nossa viagem, brilhará sobre os rochedos, indicando-nos o rumo certo.
Continua içando o estandarte de tua confiança em Deus, além de todos os percalços e tentações.
Achamo-nos, efetivamente, na batalha… Batalha fora de nós e dentro de nós. Combate que assume aspectos diferentes, cada dia, pela dor e pelas provações com que somos defrontados… Mas na vanguarda vitoriosa, temos o Mestre da Cruz que nos espera com o galardão da paz obtida, ao preço de lágrimas e suor; e, na retaguarda, possuímos benfeitores abnegados que nos suprem com todos os recursos necessários para que não venhamos a perecer.
Armados pela graça divina, prossigamos em luta… É possível que, em baixo, nos reinos inferiores de nossas velhas dívidas, vejamos nossos apetrechos terrestres reduzidos à frangalhos; é possível que não nos caiba, perante os homens ávidos de conquistas efêmeras, senão o terrível quinhão da amargura; entretanto, é sobre as ruínas fumegantes do passado que construiremos nosso luminoso futuro.
Não importa que o coração de carne padeça na forja da renovação; não faz diferença o agravo da tortura moral na Terra, desde que nosso Espírito, levantado para Jesus, n’Ele espere a própria sublimação em novo dia…
Reanima-te! Não nos faltará a Divina Misericórdia. Tudo na vida é propriedade do Todo-Poderoso… De nós mesmos, apenas dispomos da própria alma que nos compete aprimorar para a vida eterna. Edifiquemos, pois, no próprio Espírito, o santuário da compreensão e da humildade, do aperfeiçoamento e do amor. E a vontade d’Ele exteriorizar-se-á, através de nós, onde estivermos em favor de nosso próprio engrandecimento.