Relicário de Luz

Capítulo XXXVII

Na lembrança dos mortos



Das sombras onde a Morte se levanta

— Enlutada madona do poente —

Também procede a luz resplandecente

Da verdade imortal, profunda e santa.


No túmulo, o mistério se agiganta,

Torturando a razão desfalecente…

Em seu portal, o Sol volta ao nascente

E a vida generosa brilha e canta.


Oh! ciência, que sondas de mãos cegas,

Em vão procuras Deus! Debalde o negas!…

A miséria de luz é o teu contraste.


Além da morte, encontrarás, chorando,

O quadro doloroso e miserando

Dos monstros pavorosos que criaste.