Em plena cova escura, Desce a mão generosa Do operário do pão… Enquanto se faz ele Condutor da semente, Recebe sobre o rosto Os borrifos do charco. E vermes asquerosos Que residem no pântano Atiram-se-lhe aos dedos, Tentando corromper-lhe O sangue nobre e puro. Mas, longe de temer Os golpes da maldade, Enxuga, forte e humilde, Os salpicos de lama… E, suando, a cantar, Prossegue em seu trabalho, Porque sabe e confia Que a semente, amanhã, Será beleza e flor, Ramaria e alimento, Para a vida abundante A estender-se na Terra… Assim, também no mundo, Se procuras plantar, No campo da virtude, Sofrerás, com certeza, Os assédios do mal, Através da calúnia, Da miséria ou da sombra!… O lodo não perdoa Quem lhe arremessa luz Aos abismos do seio… Mas, se tens clara fé, Na grandeza do bem, Cultiva, sem cessar, A bondade fraterna E o futuro feliz Bendirá teu concurso, Descerrando-te ao ser, Largo e lindo horizonte, Em cuja glória excelsa, Encontrarás caminho, Ditoso e resplendente, Para o retorno ao Lar Da Alegria Sem fim… |