Relicário de Luz

Capítulo XCVI

Oração à Estrela Divina



Estrela do Natal,

Que iluminaste a Grande Noite,

Indicando a Manjedoura Sublime,

Torna a resplandecer, por misericórdia,

No céu da consciência dos homens

— Pastores dos interesses de Deus,

Na terra maternal.


Dissipa a escuridão da meia-noite,

Rasga a visão dos cumes radiosos,

Para que os vales terrestres sejam menos sombrios!

Ordena a teus raios salvadores

Que revelem

Os lares angustiados,

Os corações doridos,

As mansardas sem pão,

Os templos sem fé,

Os campos ao abandono!…


Descortina a senda

Que reconduz ao Mestre da Verdade

E descerra, aos olhos dos novos discípulos,

Os antros do ódio e da separação,

As cavernas do egoísmo,

Os espinheiros do orgulho,

Os venenosos poços da vaidade,

Ocultos em si mesmos,

Para que se libertem de todo o mal

E te ouçam o chamamento bendito e silencioso,

A simplicidade edificante

Que renovará o mundo para a felicidade eterna.


Estrela do Natal,

Não te detenhas sobre as nossas úlceras,

Não nos fixes a miséria multissecular,

Desfaze as sombras espessas

De nossa ignorância viciosa

E arrebata-nos à compreensão

Do Senhor da Vida,

Do Condutor Divino,

Do Príncipe da Paz.


Esclarece-nos a alma conturbada

E guia-nos, fraterna,

A bênção do reinicio

Na manjedoura singela

Do bem que retifica todas as faltas,

Balsamizando feridas,

Santificando esperanças,

A fim de que nos façamos, de novo,

Humildes caminheiros de tua luz

Ao encontro sublime de Jesus —

— O Cristo vivo, augusto e perenal,

Para o reinado da bondade humana,

Sob a paz verdadeira e soberana

Pelo Amor Imortal!