José da Silva Machado Tinha um filho, o Vicentinho, Que se mantinha empregado No lojista Souza Pinho. Embora aos doze de idade, Corria em todos os lados; Era chamado na firma O menino dos recados. Um dia, lavando vidros, Viu, perto, uma ratazana, Com o susto ficou tremendo… Quebrou seis pratos de porcelana. Souza Pinho enfurecido, Vendo os cacos sem proveito, Agarrou o rapazinho E deu-lhe um soco no peito. Levado a casa paterna, A mãezinha Lina Lia, Verificou assustada O sangue que lhe vertia. O pai foi chamado às pressas, Levou o filho ao hospital; Disse o médico após o exame: — Nosso pequeno está mal… Passadas duas semanas De esperança e desconforto, Perante os pais desolados, Vicentinho estava morto… Souza Pinho a desculpar-se Falou com grande desvelo, Machado, porém, no quarto Recusou-se a recebê-lo. Ao sair clamou: — Esse Pinho É uma cobra e vou matá-la, Ninguém queira me mudar, Para isso, tenho a sala. Falou em processo e contenda, — Essa cobra, vou picá-la… A esposa apenas responde: — Não sei o que você fala… — E sente, meu caro Zé, Pondere os conselhos meus… Nossos filhos não são nossos , Nossos filhos são de Deus. — E ouça querido: A morte, Acentuou a mulher, A morte devolve a Deus, Aquele que Deus quiser!… — Não pense em processo ou crime. Deus sabe o nosso pesar… Tudo passa neste mundo, Nossa dor há de passar!… Dois anos após, veio um moço Que abraçou Machado e Lina E disse-lhes: — Meus amigos, Vim dizer-lhes simplesmente: — Eis a grande novidade, Souza Pinho, o meu patrão, Faleceu hoje de angina… |