Paulo Neto amava a jovem Lenita, filha de Nestor, Uma estrela que esbanjava Luz e paz, na vida em flor. Falavam todos os dias Sobre o celeste momento Em que chegassem a ter O noivado e o casamento. Paulo, porém, a serviço Foi ao Sítio da Cancela, Viu a menina Carlota, E apaixonou-se por ela. Buscou Lenita e lhe disse Que achara muito serviço, Não mais podia encontrá-la Para qualquer compromisso. A mocinha apavorada, Mostrava o maior espanto, Articulava duros gestos, E gritava, banhada em pranto. Chamava Paulo “traidor” E a Carlota moça “imunda”. Tinha Lenita, na face, Uma revolta profunda. Paulo Neto desculpou-a Definindo-a por doente, E mais unido a Carlota, Casou-se, seguindo em frente. Depois de um ano o casal Viajando em carro forte, Batendo numa carreta, Os dois acharam a morte. Houve mudança em Lenita Dizendo na provação Que qualquer morto no mundo Pede consolo e perdão. Depois, dez anos passados, Lenita encontrou Tenório, Distinto negociante E dono de grande empório. Aproximaram-se os dois, Mais além da cortesia, Trabalhando, se casaram Sem festa e sem fantasia. Decorridos nove meses Que a matéria determina, Lenita ganhou dois gêmeos, Um menino e outro menina. Vimo-la aos beijos de mãe Renovada e enternecida, Dizendo às crianças que Deus É o autor da nossa vida. Abraçada aos dois pimpolhos Falava em ternos carinhos: — Agora é que sou feliz, Meus filhinhos, meus filhinhos!… Um amigo espiritual, Ante a fé que não se esgota, Disse: — Estamos vendo de volta, O Paulo Neto e a Carlota!… E acentuou: — Meus amigos, Bendita é a reencarnação, A Lei que nos guia e nos eleva, Aos cimos da evolução!… |