… E na roda, em voz baixa, alguém dizia assim: — Vocês viram, de fato? Nunca vi companheiro tão mesquinho E nenhum tão ingrato!… Obsessão, ali, domina em cheio. Homem que não entende, nem perdoa, Sobretudo, é sovina inveterado. Uma pedra em pessoa… E, noutra roda, alguém asseverava: — Ela, coitada, em tudo é doida e cega, Intrigante, orgulhosa, sem juízo. Um poço de vaidade que trafega… Onde aparece é flor que não se cheira, Brasa que a gente vê mas não atiça. E, além dos desmantelos que provoca, É um retrato acabado da preguiça. Quantas vezes entramos no barulho De coração simplório e desatento, Tão-só comprando o peso do remorso E a sombra triste do arrependimento!… Ante as rodas que falam sem proveito, Guarda em silêncio e prece a própria voz… Hoje, os outros padecem na berlinda, Cuidado! que amanhã seremos nós. |