02|06|1943
Meus filhos, Deus abençoe a vocês, conferindo-lhes muita energia para a manutenção dos patrimônios da paz espiritual.
Quando me refiro à energia, lembro o conceito de força. E é razoável, porque e sem importância. É construção com material eterno. Ora, toda edificação requisita base. E o alicerce, nos casos morais, constitui-se da força para conservar o que se adquiriu.
Dou a vocês ambos aos meus parabéns pelo culto de ontem. Foi profundamente confortador! Em semelhantes minutos reconhecemos o que significa o culto evangélico na bênção do lar. No corpo físico, quase sempre, somente verificamos a presença ou o valor de um órgão quando há enfermidade. Sem notas de perturbação, não se lembra o homem do fígado ou dos rins. No desequilíbrio, porém, ou na ameaça de enfermidade, compreendemos a enorme extensão dos valores justos do menor dos departamentos de saúde corporal.
As grandes provocações de ordem moral também conferem a soma de patrimônios legítimos da alma. É o que vem acontecendo a vocês, meus filhos. Sei muito bem quanto doem o esquecimento e a ofensa, a vitória do indiferente e a predominância dos interesses grosseiros, entendo, sem dificuldades, o quadro que se esboçou, mas também assinalo grande conforto íntimo com a atitude dentro da qual receberam vocês o golpe. Para dizer-lhes que não sofram, seria desconhecer o valor do trabalho e a nossa capitalização de esperanças. Portanto, silencio no meu espírito para falar-lhes, com maior calor, de coração a coração. Na Terra, as experiências mais fortes são reservadas aos mais resistentes. E se não posso induzi-los a uma atitude de aversão a quem nos menosprezou a confiança, devo pedir-lhes a boa posição do esquecimento do mal. Não estamos num quadro definitivo de realizações. A paisagem é mais que mutável. Aprendamos-lhe, portanto, o valor de aprendizado somente. A nossa condição de viandantes é mais que lógica no círculo de transitoriedade onde vocês se encontram. Por isto mesmo, a excelência do fruto é sempre maior quando o cultivador opera a colheita sem o ferir. Guardemos o fruto, cheios de confiança no amanhã, certos de que todo serviço útil, em sua origem, pertence ao Pai. Ele determina as tarefas e modifica a instrumentalidade por desígnios sábios que não nos é dado penetrar, por enquanto. Apenas afirmo, e isto com certeza absoluta, que “tudo coopera para o bem dos que amam a Deus”. A tempestade revela grandes valores educativos. Para os fracos, porém, é apenas a mensageira do raio ou do trovão. Continuemos, além das análises de superfície. Nem ruído, nem ameaças. Aproveitemos a experiência edificante. Esta é a única expressão que fica. O resto passa. E não somente no tocante à nossa existência, mas à vida de todas as criaturas. O essencial é saber receber. O essencial, e mais difícil, reconhecemos. Estamos numa escola abençoada e, por este motivo, a lição ser-nos-á extremamente benéfica.
Que os nossos maiores na Espiritualidade Superior continuem ajudando a vocês ambos, nesse caminho de compreender cristãmente.
Quanto a mim, creio desnecessário comentar a solidariedade paternal. O coração de vocês é o meu coração. Vemos o problema através do mesmo prisma e vibramos num só pensamento.
O “Tomai e comei”, (Mt
Estou auxiliando à Wanda no tratamento e espero que ela melhore em dias breves.
Por hoje, meus filhos, creio haver comentado o suficiente. Boa noite para vocês. Cuidem a saúde orgânica e não se perturbem demasiadamente com a ocorrência em si. Deixem que o mau carregue a maldade, como naquele ensinamento evangélico que determina ao morto enterre os seus mortos. Não conduzamos despojos em nosso mundo íntimo. Conduzamos a vida. Que o Pai ajude a vocês, fortalecendo-lhes o espírito, cada vez mais, e, com o afeto de sempre, guardem o coração do papai.