Sementeira de Luz

Capítulo CXXXVI

A dificuldade, o testemunho e o obstáculo



23|02|1944


Meus caros filhos, que Deus abençoe a vocês, concedendo-lhes muita saúde, tranquilidade e luz divina.

Estimo que o culto doméstico esteja significando para nós todos um curso tão adiantado! Graças à inspiração divina temos atingido ilações muito confortadoras e, sobretudo, valiosas ao nosso progresso. O conhecimento evangélico pode ser interpretado à guisa de celeiro vastíssimo de recursos espirituais, instalado nos departamentos do raciocínio. A ciência mais difícil é aquela de afeiçoar semelhantes recursos ao coração. Na maioria das vezes, são necessários expressivo para que o coração — como símbolo do sentimento — se abra ao alimento novo. Não perdemos em qualquer circunstâncias as aquisições intelectuais dessa ordem. As noções, os conhecimentos, as conclusões, as análises, os resultados da investigação psicológica aderem à nossa mente, entretanto, não ocorre o mesmo ao sentimento, fruto de nossas milenárias experiências. Sabemos a realidade, tocamo-la através das antenas conscienciais, mas adaptarmo-nos a ela, transfundi-la em nossa personalidade é curso longo, onde o esforço do estudante tem de ser verdadeiramente infatigável. A propósito, recordo o que vocês acabam de ler. Jo 6:31, fala-se do “maná”, que os nossos antepassados comeram “no deserto”. Sim, esse “maná” é o símbolo da vida fácil, da proteção generosa que rodeia o caminho das criaturas. Noutro tempo, quando a nossa expressão racional não se achava muito distante da existência animalizada, sorvíamos largamente o vinho do menor esforço, estimávamos o “maná das vantagens imediatas”. Entretanto, recebíamos as dádivas como os mendigos ociosos que pedem o pão e gastam-no para solicitá-lo de novo com importunações aos semelhantes. Com Jesus, todavia, a alimentação da alma é muito diversa. É necessário que procuremos estampar o Mestre em nós mesmos, seguir-lhe os passos, tomar a cruz. O serviço de manutenção não é tão fácil, porque se opera através de testemunhos sucessivos, salientando que em cada êxito espiritual alijamos um envoltório inferior que persista forte em derredor de nossos corações. E já que vocês falaram com respeito à “refeição” e à “mesa”, convém não nos esquecermos, meus filhos, de Jesus transformando-se em “pão simbólico” para a fome de perfeição da humanidade, que se deu à humanidade na mesa da cruz. O ensinamento aqui é muito grande para a meditação.

Tenho aplicado passes em você, meu caro Rômulo, no sentido de melhorar-lhe as condições orgânicas. Graças a Deus, você vai indo bem melhor. Será útil, caso persista o fenômeno do ouvido, que você use o lodo-Peptona por alguns dias. É uma sugestão para a primeira oportunidade, sem necessidade, entretanto, de qualquer aplicação imediata. Destina-se a intensificar o equilíbrio circulatório. Não preciso dizer a você, meu filho, que estamos velando.

Hoje veio comigo a Nhanhá, que visita o Caio Márcio e vocês. Deixa um grande abraço a ele, por meu intermédio, desejando-lhe muitas realizações nobres, êxito nos estudos, saúde, paz espiritual e… juízo!

Vocês não deixem de usar, de quando em quando, os preventivos quanto à gripe. É medida excelente prevenir no que se refere ao assunto.

Boa noite, meus filhos! Guardem a paz de Jesus no santuário dos corações! E deixando-lhes o meu afeto de todos os dias, abraça-os a todos o papai e vovô que não os esquece,




Nota da organizadora: Nhanhá era a avó paterna de Caio Márcio.