30|08|1944
Meus caros filhos, Deus abençoe a vocês, enchendo-lhes o espírito de coragem e paz no caminho de luta purificadora.
Continuemos em nossa comunhão com o Cristo, através de nosso intercâmbio espiritual — .
Não creiam que vivamos aqui sem preocupações intensas e fortes. A fadiga que nos surpreende, por vezes, não é bem o cansaço que derruba as forças do espírito encarnado, mas é também exaustão, esgotamento, necessidade de energias novas. Grande é a luta e só o Evangelho é a fonte regeneradora. As surpresas aqui são de molde a espantar os próprios espíritas, no tocante a trabalho e realização. Ai daqueles que não trazem, pelo menos, a alfabetização primária do espírito em serviço!
É cruel encontrar-se o homem desencarnado sem ideal, sem bússola, sem instrumento, sem roteiro! Por isso, aceitem as lutas como bênçãos! A criatura muito favorecida pelas facilidades atrofia-se espiritualmente muito depressa. A tempestade saneia, a dor corrige, o trabalho educa, a perseverança aprende, o sofrimento agravado purifica sempre. É preciso levar esses ensinamentos em conta para sabermos como extrair os tesouros da experiência.
Aqui também, onde estamos, o serviço não é diverso. Em toda parte defronta-nos o estado evolutivo de cada um. O ignorante não é mau deliberadamente, mas porque não sabe. O fraco recua nos grandes momentos, porque lhe falta forças. O infeliz se revolta, não por perversidade, mas porque é pobre de confiança e fé. Não é muito mais feliz o que sabe, o que se fortalece e o que espera, compreendendo as bênçãos de Deus? Não será felicidade conhecer o local escuro, onde se demora esse ou aquele irmão, no sentido de lhe ser útil de alguma sorte? Um dia, vocês verão isso aqui com uma intensidade de pasmar aos homens mais experientes! Creem que posso exercer meu ministério de educador modesto, junto das entidades ignorantes, sem tolerar-lhes a condição inferior e ouvir-lhes os remoques? Impossível! A paisagem é bela e divina no Mais Além, no lar espiritual a que me recolho para renovar forças, mas no plano de movimentação e utilidade imediata dos conhecimentos adquiridos os problemas são os mesmos, e talvez ainda mais fortes!
Imaginemos uma escola frequentada por carvoeiros estranhos à organização familiar e às noções de higiene. Precisamos alcançar resultados que animem, necessitamos começar, é imprescindível semear a luz, mas não podemos fazê-lo à distância dos quadros relativos ao carvão. A posição dos alunos é ponto de partida na obra educativa. Cada lição tem seu dia, como cada fruto, o seu tempo. Seria desarrazoado ensinar, por exemplo, os dez mandamentos a dez esfomeados, em desespero. Primeiramente, há que dar-lhes algum pão. Esta é a situação de quem se propõe a qualquer serviço edificante na Terra. Não se fará se exigirmos que todos os beneficiários do serviço sejam reconhecidos e compreendedores. A maioria é terra por desbravar. Sem levarmos em conta a ignorância e a enfermidade espiritual da maioria dos homens, torna-se impossível servi-los. Por esta razão, nunca será lembrado sem proveito o ensinamento do “perdoai setenta vezes sete”. (Mt
Relativamente à viagem, meu filho, não deixe de levar os seus remédios. É sempre útil conduzir conosco esses bons amigos das “fábricas celulares”. São indispensáveis à boa ordem. Não deixe de incluir o Lachesis. Maria e Wanda vão bem, todavia, de vez em quando, devem usar os preventivos da gripe. Ganha-se muito.
Por hoje, não me é possível ir mais longe. Que o Senhor abençoe a vocês, são os votos sinceros do papai que não os esquece.